Em sua nona edição, evento realizado no entorno de estações de trem busca valorizar a arte e os artistas
Por Jessica Santos e Rodrigo Gomes
Cerca de 400 artistas de diversos pontos do país realizaram, neste final de semana (26 e 27), o 9° Encontro Niggaz. A ação dos grafiteiros ocorreu no entorno da Estação Autódromo, linha Grajaú-Osasco da CPTM, na região de Interlagos.
Mural a céu aberto vai sendo composto pelos mais de quatrocentos artistas (Foto: Rodrigo Gomes)
Homens e mulheres, artistas de todas as idades, dos mais variados lugares e estilos, se apropriaram dos muros da estação e de algumas casas e comércios locais. Alguns, com meticuloso processo de produção, realizavam medidas e marcações com giz ou carvão. Outros, mais ousados, criam direto no muro, conforme a ideia vem à mente. Rolinhos, latas de tintas e sprays são compartilhados por toda parte. Os desenhos surgem e se mesclam de tal maneira que ao fim do dia não se sabe quem começou e onde, é como se um completasse o outro. O resultado é um imenso mural de graffiti a céu aberto que chama atenção de todos que passam pelo local.
A arte que cobria muros podia ser vista, também, no corpo dos artistas (Foto: Rodrigo Gomes)
Em 2004, um grupo de jovens que conviveu com Niggaz resolveu realizar um encontro que homenageasse o talento e a memória dele. “Ele era emblemático desde o nome [Niggaz significa irmão, entre a população negra estadunidense]. Somos vários Niggaz. Então esse evento homenageia ele e, também, a memória de todos os artistas”, diz Neri. O 1° encontro, realizado no Jardim Lucélia, reuniu cerca de 100 artistas e foi além da expectativa. Com o passar dos anos a presença de grafiteiros só aumentou. Desde 2010, os encontros têm sido realizados no entorno de estações de trem.
Júlia, moradora do centro, veio ao extremo sul da cidade para o 9º Niggaz (Foto: Rodrigo Gomes)
Segundo Wellington Neri, o Tim, 27, também organizador do evento, o objetivo é proporcionar um espaço de convivência e troca de saberes. “Uma cena que me lembro até hoje foi no 7° Niggaz. O John Howard, um dos pioneiros do graffiti, pintando ao lado do Caíque, que tinha 12 anos e era a primeira arte dele”, diz. Embora muitos muros sejam reservados previamente, todos que chegam para pintar são recebidos e orientados para espaços ainda vazios. “Todo mundo que vem pintar aqui, seja o cara mais consagrado ou o cara que está começando, tem seu espaço. A gente quer valorizar a arte e os artistas”, completa Tim.
Fonte: Spressosp