Entrelace de elementos mineiros e africanos

Exposição fotográfica traz 38 imagens inéditas do Congado inéditas em território nacional

Um diálogo entre a cultura mineira e a africana na busca pela autenticidade brasileira além de referenciais europeus. O ponto em comum: o Congado. O resultado dessa mescla está na exposição fotográfica “Memórias Centro-Africanas do Congado Mineiro”, em cartaz no Centro de Documentação e Pesquisa em História da Universidade Federal de Uberlândia (Cdhis/UFU) até o dia 20 de dezembro.

São 38 fotografias inéditas no Brasil, utilizadas pela historiadora Larissa Oliveira e Gabarra, ex-aluna da UFU, como fonte de pesquisa em sua tese de doutorado “Reinado do Congo no Império do Brasil: memórias centro-africanas no congado de Minas Gerais”. “A tese é o resultado da contribuição dos congadeiros, principalmente de Uberlândia, das pesquisas nos arquivos eclesiásticos e do museu real da África Central, na Bélgica, e de discussões sobre história do congado com alguns colegas de pesquisa de campo”, afirmou a historiadora.

A mostra reúne 18 imagens em preto e branco reproduzidas do acervo do Museu Real da África Central, de Tervuren (Bélgica)– 11 fotos de povos da região do Congo e 7 painéis com objetos e representações católicas da cultura centro-africana como tambores, cajados e adornos -, e 20 imagens coloridas do Congado de Uberlândia captadas por Larissa Gabarra ao longo da pesquisa.

“Por meio das imagens é possível ver como os elementos da cultura africana chegaram a Uberlândia e se ressignificaram”, afirmou a coordenadora do Cdhis, Maria Elizabeth Carneiro. “Muitos povos foram silenciados ao longo da história. Essas imagens são um objeto maravilhoso para repensar os sujeitos históricos em situações inéditas e fazermos uma releitura menos injusta da formação histórica da brasileira”, disse.

Para Maria Elizabeth, por meio da abertura conseguida por Larissa Gabarra no Museu Real, é possível vislumbrar intercâmbios entre os alunos.

Desde jovem, historiadora se questiona sobre a arte

O Congado sempre foi objeto de encantamento da pesquisadora Larissa Oliveira e Gabarra, que explorou o tema ao longo de sua graduação e mestrado em História na Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e no doutorado pela PUC-RJ. “Eu me perguntava como responder as questões da própria identidade, da autenticidade da nossa história. Isso me afligia na época e estudar o Congado foi a resposta”, disse.

A pesquisadora iniciou o estudo e acompanhamento dos tambores em 2000 com o grupo de congado Catupé Nossa Senhora do Rosário, do bairro Martins, região onde ela morava. “Apesar de o Congado ter uma herança forte no bairro Patrimônio, ele é uma manifestação cultural popular, não pode ser atribuído a um lugar”, disse. Descobrindo uma rede de sociabilidade entre os congadeiros, a historiadora expandiu a pesquisa em Uberlândia, Ituiutaba, Serra do Salitre, Monte Alegre, Romaria e Araguari.

O primeiro resultado das investigações foi, em 2000, a monografia “Congado como fonte de conhecimento para Educação Formal em História” como conclusão do curso de Especialização em Educação pela UFU. O segundo foi a dissertação de mestrado em 2004, “A dança da Tradição Congado em Uberlândia, século XX”. Para o doutorado, Larissa foi da PUC do Rio de Janeiro para a Bélgica, onde conseguiu uma bolsa de pesquisa com o Museu Real da África Central. Apaixonada pela antropologia visual, também realizou, por meio da lei de incentivo, exposição e oficinas de congado em 2008, em Uberlândia.

Saiba mais

Exposição Memórias Centro-Africanas do Congado Mineiro
Quando: até 20 de dezembro
De segunda à sexta – das 8h às 12h e 13h30 às 17h
Local: Bloco 1Q – Campus Santa Mônica – UFU
Piso superior: Exposição “Cdhis 25 anos”, com centenas de documentos da memória da cidade e região.

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