Este aplicativo conta quantas vezes as mulheres são interrompidas por homens

No primeiro debate das eleições presidenciais, Donald Trump interrompeu Hillary Clinton 51 vezes.

Por Marcella Fernandes Do Huff post Brasil

Prática percebida pelas mulheres no dia a dia, o manterrupting poderá ser detectado por um aplicativo. O termo é usado para descrever quando um homem interrompe uma mulher desnecessariamente.

O Woman Interrupted conta quantas vezes um homem interrompe a fala feminina. Ele será lançado pela agência BETC São Paulo na semana em que se celebra o Dia Internacional da Mulher, 8 de março.

Este vídeo dá exemplos da prática.

À Folha de São Paulo, a sócia-Fundadora e Co-CEO da BETC São Paulo, Gal Barradas afirmou que o objetivo é chamar atenção para o machismo. Ela é a única representante feminina no ranking dos dez publicitários mais admirados por empresas anunciantes, segundo o estudo Agency Scope, da Scopen.

“A interrupção é ato quase involuntário, despercebido e inserido na cultura, mas é um problema mundial e grave. O objetivo é jogar luz sobre o tema. Só de colocar a discussão no ar, o comportamento de alguns homens já muda. A ficha, às vezes, só cai com o conhecimento.

O aplicativo pede um cadastro simples à usuária e que ela calibre a voz no dispositivo repetindo algumas vezes a frase “eu não vou mais ser interrompida”. A tecnologia usa as frequências das vozes para o cálculo da interrupção.

Os relatórios gerados são por dia, semana, mês e ano e o programa só funciona quando é acionado pela usuária. A médio prazo, a agência criadora do serviço irá apresentar um estudo de tudo o que foi coletado ao redor do mundo.

De acordo com a empresa, estudos mostram que 75% do tempo de fala em reuniões é tomado por homens. “Entre as 3000 maiores empresas globais, apenas 14,7% de executivos em altos cargos são mulheres. No cargo de CEO, esse número cai para 3,9%”, diz a agência.

A inspiração da iniciativa veio das ostensivas interrupções do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, durante as falas da candidata Hilary Clinton nas eleições americanas, segundo a Folha de São Paulo. Foram 51 interrupções no primeiro debate, de acordo levantamento do Quartz.

Em março de 2015, chamou atenção um painel do SXSW 2015, evento de inovação, música e cinema que acontece todos os anos em Austin, Texas. Nele, Megan Smith, chefe de Tecnologia do governo americano, é interrompida com frequência por seus interlocutores: o chairman do Google, Eric Schmidt, o jornalista e biógrafo do Steve Jobs, Walter Isaacson.

O episódio foi tão evidente que uma pessoa na plateia perguntou porque eles não deixavam Megan falar. O público aplaudiu de pé.

Outro exemplo conhecido foi quando Kanye West interrompeu Taylor Swift durante seu discurso de agradecimento pelo prêmio de melhor videoclipe feminino do MTV Music Awards, em 2009.

A palavra manterrupting é uma junção de man (homem) e interrupting (e interrupção) Em tradução livre, manterrupting significa “homens que interrompem”.

O termo surgiu com o artigo “Speaking while Female” (falando enquanto mulher), publicado em 2015 no The New York Times, escrito por Sheryl Sandberg, chefe de operações do Facebook, e Adam Grant, professor da escola de negócios da University of Pennsylvania.

No texto é citado um estudo feito por psicólogos de Yale que mostra como senadoras americanas se pronunciam significamente menos que seus colegas masculinos de posições inferiores.

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