Estudante denuncia racismo na USP de Ribeirão

 

Vítima (foto) e Centro Acadêmico da USP devem organizar ato contra racismo dentro do campus (Foto: Weber Sian / A Cidade)

Jovem negro de 25 anos diz ter sido chamado de ‘macaco’ e ameaçado por um motorista dentro do campus no último sábado

Marcelo Fontes

“Fico imaginando o que aconteceria com a minha mãe. Ela espera que eu volte para casa formado, não em um caixão”.

O desabafo é de um estudante de direito da Universidade de São Paulo (USP), que afirma ter sido alvo de racismo e ameaçado de morte dentro do campus de Ribeirão Preto no último sábado (5).

Negro e natural de São José dos Campos, o jovem de 25 anos registrou boletim de ocorrência e quer organizar um ato de repúdio contra o que sofreu.

Segundo o estudante, ele caminhava com amigos dentro do campus por volta das 13h30 quando um Monza GM passou em alta velocidade.

“Ele jogou o carro em cima da gente. Quando fui desviar, minha mão pegou no retrovisor, que fechou”, relatou o jovem. Depois, o motorista teria bloqueado o caminho do grupo.

O universitário diz que o homem aparentava ter 60 anos e saiu do veículo com uma arma de fogo na mão.

Enquanto corria para se esconder, ouviu frases racistas.

“Ele dizia ‘agora você ver seu preto’, ‘volta aqui seu preto sujo’. Também me chamou de macaco”, lamentou o jovem, que faz estágio na defensoria pública.

Conhecido

A suspeita é que o homem seja policial civil aposentado e estaria levando a mulher para trabalhar no Hospital das Clínicas (HC). Ele chegou a ser abordado pela guarda do campus, mas foi embora sem ser identificado.

O jovem quer que ele responda criminalmente por racismo.

Seguranças anotaram placa do carro

Em nota, a USP classificou a situação como “acidente de trânsito”. Vigilantes viram a cena e acionaram a Guarda Universitária, mas quando ela chegou o aluno não estava no local. “Os seguranças fizeram relatório, acionaram a PM e passaram a placa do carro”, diz a USP

O Centro Acadêmico Antonio Junqueira de Azevedo (Caaja) da USP protestou contra o ocorrido. “O racismo, incrustado em nossa sociedade, deve ser frontalmente combatido no dia a dia”, afirmou em nota.

Segundo o Caaja, o homem “já fez isso mais de uma vez no campus e continua impune”. Um ato contra o racismo está agendado para o dia 23 de abril.

Fonte: Jornal A Cidade

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