Exército apoia reintegração de posse em aldeia de Niterói, RJ

Imbuhy teria descendentes da mulher que bordou 1ª bandeira nacional. Decisão judicial foi ratificada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Por Gabriel Barreira Do G1

O Exército Brasileiro apoia uma ação de reintegração de posse, respaldada por decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ), na manhã desta segunda (7) na Aldeia do Imbuhy, em Niterói (RJ). O local, considerado pelo Exército como parte do Forte do Imbuhy, abrigava cerca de 30 famílias.

A decisão do STJ foi ratificada no dia 3, após uma sentença transitada em julgado no dia 7 de maio, e abrange 19 casas. Os moradores dizem que há, entre eles, descendentes de Dona Flora Simas de Carvalho, matriarca da comunidade e reconhecida como a mulher que bordou a primeira bandeira nacional.

Em junho, o G1 esteve no local e conversou com moradores que se disseram ameaçados de despejo. Eles denunciaram ainda uma suposta exploração turística do local, com visitação a praias e a a realização de rodeios abertos ao público.

‘É um pesadelo’, diz moradora
Regina Campos Corrêa, de 56 anos, é funcionária do Hospital Central do Exército há 32 e moradora da Aldeia Imbuhy. A casa dela foi uma das três que foi desocupada há 5 meses. Ela disse que não tinha para aonde ir.

personaMoradora diz que reintegração é um pesadelo

“Nasci e fui criada aqui, em uma vila de pescadores. Meu pai trabalhou aqui. Estou apavorada. É um pesadelo, não temos para aonde ir. Vou para debaixo da ponte? Estamos fazendo uma reforma na casa, precisamos pegar empréstimo e só vamos acabar de pagar em 2016”, lamentou Regina.

Segundo a Comissão de Direitos Humanos da Alerj e o advogado de 19 famílias que ainda não foram retiradas, os defensores não tiveram acesso ao local para prestar assistência a seus clientes. O Exército, diz por sua vez,que as famílias receberam apoio médico, social e religioso. Além disso, os despejados teriam sido incluídos em programas sociais disponibilizados pelo governo.

Em nota, o deputado federal Chico D’Angelo (PT-RJ), que atua junto aos moradores da Aldeia do Imbuhy desde 2009, ficou indignado com a notícia de que o Exército iniciou as remoções.

“Na semana passada me reuni com o ministro da Defesa, Jaques Wagner, com vereadores de Niterói e deputados do Rio, justamente para tratar da situação dos moradores. Essa decisão é desumana, injusta e descabida! São pouco mais de 30 famílias que vivem ali há mais de 100 anos! A primeira bandeira nacional, exposta hoje no Museu Imperial, foi bordada por uma moradora que viveu no Imbuhy. A comunidade deveria ser preservada e não destruída”, afirmou o deputado.

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