Festival de música, dança e gastronomia comemora Dia Nacional do Cigano

FONTEDa Agência Brasil
(© Petr Zamecnik/Dreamstime.com)

Rio de Janeiro – Com um festival de música, dança e gastronomia, no Parque Garota de Ipanema, no Arpoador, zona sul do Rio, a comunidade cigana do Brasil celebra hoje (24) o Dia Nacional do Cigano. A festa é realizada há 12 anos no Rio de Janeiro, no dia da padroeira dos povos da etnia cigana, Santa Sara Kali.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), vivem hoje no Brasil 800 mil ciganos. Cerca de 80% deles são analfabetos e uma parcela significativa é nômade. O Dia Nacional do Cigano foi criado por decreto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2006.

Apesar de ter sido homenageada com um dia, a comunidade cigana ainda clama por iniciativas públicas que preservem e respeitem sua cultura. “O povo cigano é o mais descriminado e ultrajado do mundo. Quando somos ouvidos, deixamos de nos sentir estrangeiros na nossa própria terra”, afirma Mirian Stanescon Batuli, conselheira nacional de Políticas de Promoção de Igualdade Racial da Secretaria de Promoção de Igualdade Racial, do governo federal.

A comunidade cigana reivindica a criação de cursos de alfabetização por meio de unidades móveis, e a garantia de educação diferenciada para as crianças, respeitando suas crenças, costumes e tradições. Além disso, quer que crianças e adolescentes sejam matriculadas em, no máximo, 24 horas nas redes públicas estaduais e municipais, sempre que chegarem em uma nova cidade. Pede também assistência à saúde por meio de unidades móveis.

O festival está sendo realizado no Parque Garota de Ipanema, onde está a imagem da Santa Sara Kali. Segundo Mirian, a comemoração é muito importante para quebrar o preconceito “A ignorância gera medo, que gera preconceito. Esse evento faz parte do calendário oficial da cidade do Rio. A festa também engloba outros povos que sofrem discriminação, como os negros, judeus e índios. No evento, mostramos nossa cultura, danças, músicas e costumes” .

A conselheira lembra que somente em 2004 os ciganos conseguiram chamar atenção para sua causa. “É a primeira vez na história do Brasil, desde 2004, que o povo cigano é ouvido nas suas reivindicações. Isso é importante para o resgate da nossa autoestima”, diz Mirian.

O Ministério da Cultura (MinC), que também participa do evento, abriu edital para inscrição de projetos que retratam o povo cigano. “Há um dialogo do Minc com essa população que está invisível. Queremos dar visibilidade e reconhecimento às práticas do próprio povo cigano”, assinala Adriana Cabral, coordenadora-geral da Secretaria de Fomento à Identidade e Diversidade Ética.

Serão selecionados 30 trabalhos que vão receber R$ 10.000 cada. O prazo de inscrição vai até 12 de julho e pode ser feito pelo site www.cultura.gov.br/diversidade e traz uma novidade: os projetos podem ser enviados oralmente por meio de vídeos com áudio ou gravações.

 

 

 

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