Grávida perde segundo bebê e acusa falta de atendimento em dois hospitais

Caso foi registrado como omissão de socorro na 18ª DP (Praça da Bandeira); Paciente passa por cirurgia para retirada de feto morto

A comerciante Luana Jéssica Leal, de 24 anos, perdeu nesta quarta-feira, pela segunda vez, um bebê de oito meses, após aguardar por mais de 10 horas atendimento em dois hospitais da rede Assim de plano de saúde. O caso foi registrado na 18º DP (Praça da Bandeira) como omissão de socorro.

 

 

A vendedora deu entrada na terça-feira, às 16h, no Hospital Daniel Lipp, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, mas não conseguiu ser atendida. Segundo o pai da criança, o pedreiro José Carlos Alves, de 25, “ao chegar na unidade, foi preciso esperar duas horas por um médico que disse que não tinha aparelho para fazer a ultrassonografia”. O homem foi orientado a procurar atendimento na clínica Rede Rio de Medicina (Rrm),  na Tijuca, na Zona Norte.

Ao chegarem na clínica, por volta das 19h, o médico plantonista estava com o celular desligado e ausente. “Ele só apareceu depois de cinco horas, fez o ultrassom e foi embora sem dar uma palavra conosco, afirma José Carlos Alves.

O pai da criança acrescenta que foi a recepcionista que deu a notícia de que o bebê estava morto. “Até agora o hospital não falou qual foi o motivo da morte”, disse ele.

De acordo com o casal, que paga atualmente 450 reais pelo plano de saúde, há dois anos uma outra gestação também foi perdida por falta de atendimento no Hospital Daniel Lipp. Policiais da 18º DP foram, nesta quarta-feira, as unidades colher depoimentos. Internada, Jéssica aguardava na Rrm por uma cirurgia para retirada do feto morto.

Pelo telefone, a ouvidoria do plano de saúde informou que irá contactar a paciente para tomar conhecimento sobre o fato e que o caso será direcionado ao jurídico da empresa.

A assessoria de imprensa do Hospital Daniel Lipp informou que a paciente já chegou com o bebê morto no ventre, e que o médico que prestou o atendimento informou à família sobre a morte do bebê, mas orientou a paciente que procurasse outra unidade para realizar o Ecodoppler, um exame que aponta uma leitura precisa sobre o coração do bebê. A versão é contestada pelo pai da criança.

Segundo parecer da clínica Rrm, ao dar entrada na emergência, Luana teria sido atendida no mesmo momento pela obstetra de plantão. “Após o relato de que não sentia movimento do feto há 3 dias, a paciente passou por exames que confirmaram a ausência de movimento fetal e de batimentos cardíacos. Ela foi diagnosticada com hipertensão gestacional, já desenvolvendo um caso de pré-eclâmpsia, distúrbio que coloca em risco à gravidez. Após a confirmação do falecimento do feto, a paciente foi encaminhada para internação onde foi medicada e colocada em dieta zero, para a realização da cesariana em caráter eletivo”.

De acordo com o pai, a versão também é controversa. “Nunca dissemos ao hospital que o feto não apresentava movimentos há três dias. Na segunda-feira, por exemplo, escutamos de casa, por meio de um aparelho que temos, o batimento da criança normal”, disse.

O pai da criança informou que irá processar os dois hospitais e também o plano de saúde.

 

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Fonte: O Dia

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