Grito pelo fim do racismo e lesbofobia: 2ª Virada Feminista

O horário de almoço de inúmeras pessoas que trabalham e circulam pelo Setor Comercial Sul, no centro de Brasília, foi agitado. Feministas de diversos movimentos organizados e feministas autônomas participaram do Grito pelo fim do Racismo e Lesbofobia. A manifestação teve o objetivo de chamar a atenção e convocar a população a reagir a todos os tipos de violência contra a mulher.

De acordo com Guacira Oliveira, da coordenação da Articulação das Mulheres Brasileiras (AMB), a ideia era chamar a população para dar um basta na violência contra as mulheres “precisamos de uma reação, e isso é o papel de toda a sociedade”, disse.

silencio cumplice guacira

O evento contou com as performances das atrizes Tina Carvalho, fantasiada de palhaça Marmota e de Anna Prado, que incorporou sua personagem “Annarkista de Cristo” e recitou poesias aos transeuntes. A DJ mais badalada na cena lésbica da capital, Pati Merenda, discotecou em plena praça e atraiu os olhares e ouvidos dos pedestres. Depois da concentração, as manifestantes caminharam até o restaurante onde duas jovens foram espancadas por lesbofobia.

A produtora cultural e “artivista” Nadja Dulci acredita que esta mistura de arte e protesto pode ser muito bem sucedida, “a ideia de misturar arte e protesto foi uma maneira que encontramos de sensibilizar as pessoas, disputar o imaginário, visto que as mulheres artistas, ativistas feministas, refletem, através de suas criações, o que acontece no mundo, tanto as opressões vividas como as belezas de ser mulher”, afirmou.

Apesar de ser uma pauta polêmica, o ato foi bem recebido pela população, “as pessoas se mostraram curiosas e abertas à manifestação e às questões que levantamos pro debate” contou Nadja.

MEMÓRIA:
No dia 25/02, duas mulheres foram agredidas após serem xingadas por Wilian Alves do Carmo, 26 anos, que as perseguiu e as espancou, no Setor Comercial Sul, em pleno horário de almoço. Uma delas teve o osso da perna esquerda quebrado e a outra teve que passar por uma cirurgia, pois fraturou o braço. A jovem disse que apesar da violência ter acontecido num local com grande trânsito de pessoas, ninguém tentou impedir as agressões.

Para Dulci, a omissão em reagir à violência vem por parte da nossa cultura machista que muitas vezes, banaliza a violência contra a mulher. “A mulher é vista como culpada, mesmo quando está na condição de vítima. Outro ponto que podemos levantar para essa falta de ação das pessoas é que a reflexão crítica sobre o que acontece à nossa volta ainda está em curso. Por isso estamos em protesto nas ruas, para compartilhar nossas lutas e despertar os desejos de pensar coletivamente”, refletiu.

Na madrugada do dia 28/02, ainda na mesma semana, quatro jovens, com idade entre 18 e 22 anos, foram agredidas no Balaio Café, 201 Norte, os agressores gritavam: “lepra da sociedade, puta neguinha, sapatona e vocês têm que morrer”.

E o mais chocante: enquanto as vítimas e agressores aguardavam para dar o depoimento e tentar fazer o Boletim de Ocorrência, na Delegacia Especializada em Atendimento à Mulher (DEAM), os dois principais agressores riam e debochavam delas. Eles foram liberados após o depoimento.

Fonte: CFEMEA

-+=
Sair da versão mobile