Guerra entre cisnes brancos e negros altera rotina de museu de Juiz de Fora

FONTEPor Roberta Oliveira, do G1
asal de cisnes brancos está isolado em área de museu (Foto: Roberta Oliveira / G1)

A relação entre cisnes brancos e negros no lago do Museu Mariano Procópio, em Juiz de Fora, tem afetado a rotina do parque. A história das 16 aves é marcada por violência e agressões, que incidem em mortes dos animais e até mesmo na proibição dos tradicionais passeios de pedalinho no lago. E o maior causador dos problemas é um macho branco. Para o veterinário Rômulo Castro, que trata os feridos nos confrontos, as atitudes do macho se devem a algo além da disputa de território. “Ele tem um desvio de índole, de conduta. Os cisnes não são agressivos. Mas esse tem um distúrbio. Não é briga por alimento, nem por espaço, porque o lago é grande. Ele é frio. Não importa se tem 100g ou 8kg, ele espera a ave ficar mais afastada para atacar”, contou.

Ainda segundo o veterinário, não há gentileza nem doçura na tumultuada relação entre o cisne macho, que é branco e que vive com a fêmea, e os 14 negros, incluindo um filhote nascido em março deste ano, que habitam o local.

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Cisnes negros, em maioria, ocupam grande lago (Foto: Roberta Oliveira/G1)

A espécie faz parte da história do Museu e há relatos que havia cisnes brancos no projeto inicial do Mariano Procópio, em 1861. Mas ninguém previu que seria um problema, em 2008, na reabertura do Parque, receber duas espécies no lago: a branca, originária do norte da África, e a negra, mais rara, vinda da Austrália.

Enquanto eram filhotes todos conviveram pacificamente. A confusão começou quando chegaram à idade adulta, em torno dos quatro anos, agravada pelo aumento da população dos cisnes negros. O cisne branco, macho, começou a protagonizar as brigas. De temperamento agressivo, disposto a ser o dono da área, foi ele que partiu para cima dos rivais. Após um dos embates, um cisne negro precisou ter parte da asa amputada. Em outro, uma ave teve a membrana de uma das patas rompida.

Barricada, ao fundo, impede passagem do casal para outro lado do lago (Foto: Roberta Oliveira/G1)

Para evitar novos problemas, as espécies foram separadas. Atualmente, os cisnes negros estão no grande lago e o casal de cisnes brancos fica em uma área menor, isolados por uma série de barricadas colocadas ao longo do lago e debaixo das pontes. No entanto, nem isso aplacou o temperamento do macho branco. Mesmo com todo o aparato de isolamento, nesta semana um cisne negro macho teve alta depois de levar a pior em outra briga.

Macho brigão só não ataca a fêmea da  espécie (Foto: Roberta Oliveira/G1)

O macho branco não perdoou nem alguns dos próprios filhotes. Relatos de funcionários do Museu e do veterinário Rômulo Castro apontam que ele atacou e afogou dois deles. “Foi rápido e nem deu tempo de salvar”, contou Rômulo. A única da espécie que está isenta dos ataques do cisne encrenqueiro é a fêmea.

O veterinário ainda destacou que agora em setembro começa o período de reprodução das aves, algo que naturalmente agrava a disputa por território.

Rômulo Castro também comentou que a espécie tem mais dificuldade de sobrevivência. “O branco é mais caro por ser difícil de lidar e manejar, além de serem mais frágeis. São poucos que chegam à idade adulta. Mas desde 2008 era para ter pelo menos oito aves no lago: o casal e mais seis filhotes. Contudo, o macho atrapalhou a sobrevivência. O controle zootécnico, alimentação, cuidados são corretos. O espaço, o ambiente e o lago são favoráveis à reprodução”, argumentou.

Local de acesso aos pedalinhos está interditado (Foto: Roberta Oliveira/G1)

A confusão do mundo das aves afetou, inclusive, a rotina do parque. Apesar do macho não agredir outras espécies que vivem no local – como patos e marrecos, e não ter problema com seres humanos, há mais de um ano estão proibidos os passeios no lago. Isto porque para permitir a livre circulação dos visitantes, as grades que limitam a área entre os grupos de cisnes teriam que ser retiradas. Resultado: pela paz no lago dos cisnes, não há pedalinhos para os visitantes passearem.

Passsagem abaixo de duas pontes foram obstruídas (Foto: Roberta Oliveira/G1)

Estratégias foram traçadas

Na tentativa de resolver a situação, até um especialista em manejo de aves de Curitiba, no Paraná, foi a Juiz de Fora avaliar a situação. “A gente procurou recursos, profissionais que trabalham com ações comportamentais de animais em cativeiro e em zoológicos. Mas o cisne branco macho não tem problemas físicos e nada. Então a gente fica sem ação diante de um bicho desses”, disse o veterinário Rômulo Castro.

O diretor-superintendente do Museu, Douglas Fasolato, confirmou: “Todas as tentativas de criar uma sociabilidade entre os cisnes foram feitas, mas falharam”.  Agora, a expectativa é de que em breve ocorra uma decisão definitiva. A solução do impasse inesperado depende do resultado de um estudo feito por biólogos, que está em andamento. “Não estão descartadas a possibilidade de redução no número de cisnes ou a de deixarmos apenas uma espécie no lago”, concluiu Douglas Fasolato.

 

 

 

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