Lázaro Ramos em bom malandrês

FONTEPor Orlando Margarido, do Carta Capital
Foto: João Cotta/Globo

Com a boa-pinta e os ternos claros e bem-cortados, o personagem de Lázaro Ramos em O Grande Kilapy, estreia da quinta 23, evoca um malandro típico que poderia flanar pela Salvador, onde o ator nasceu, ou pelo Rio de Janeiro de histórica boêmia. Mas se seu Joãozinho atende à figura dedicada ao bem viver, em um perfil que nos é muito próximo, o cenário corresponde a local e período incomuns no cinema por aqui. É na Angola do período colonial que se passa a trama do jovem herdeiro de família rica e seu destino ao aplicar o grande golpe, o sentido da expressão do título em kimbundu.

O filme do angolano Zézé Gamboa é uma coprodução entre Brasil, Portugal e Angola e conta no elenco com Antonio Pitanga e Hermila Guedes. Esta faz o par romântico com Joãozinho, homem de muitas mulheres, como convém a um malandro, que pouco mede as consequên­cias quando desvia dinheiro do banco em que trabalha para repassar aos militantes pela libertação do país. Acaba preso e ao sair é feito herói.

Simples e esquemática assim, a trama padece de certo tom noveleiro. Aposta numa ingenuidade e no conceito unidimensional dos personagens que traduzem não mais que a boa intenção de um quadro de época. Isso talvez soe anacrônico. Mas faz lembrar a etapa de amadurecimento pela qual passa toda a cinematografia de um país e de que não escaparam outros de sotaque lusófono.

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