LIBERTAÇÃO GORDA: MEU CORPO NÃO É O PROBLEMA

A Ana traduziu este post da ativista americana Virgie Tovar, que a própria Ana recomendou. 

Ano passado, publiquei um manifesto de libertação das gordas escrito quarenta anos atrás! Ou seja, o movimento de aceitação do corpo é antigo. 
Será que algum dia não precisaremos lutar mais para que nossos corpos não sejam vigiados e punidos o tempo todo?

Para mim, libertação gorda é recusar-me a “consertar” meu corpo, porque não há nada de errado com ele; o que está errado é a cultura que encoraja todos os corpos a parecerem exatamente iguais.

Para mim, libertação gorda é enxergar que gordofobia/discriminação em razão do corpo não é um problema individual que pode ser resolvido cedendo à pressão (exemplo: fazendo dietas). É um problema cultural que só será resolvido através de uma radical mudança da visão que temos da diversidade dos corpos.

Para mim, libertação gorda é me recusar a ser obcecada em perder peso para obter amor ou encontros (porque a preocupação só faz meu peito arder; ela não me dá outro corpo); perder peso não vai curar uma cultura corrompida e obcecada em subjugar mulheres e banalizar o romance.

Quando eu converso com as pessoas sobre porque gastam tanto tempo de suas vidas perseguindo a perda de peso, inevitavelmente todas dizem que é porque querem ser amadas, querem ser vistas, querem ser tratadas humanamente. Todo mundo quer essas coisas. Todo mundo merece essas coisas. Eu nunca conheci alguém que quisesse perder peso porque é algo que lhe parece divertido, interessante ou útil.

Porém, vivemos numa cultura em que coisas como amor, felicidade, poder e sucesso estão inerentemente ligadas à magreza. s padrões que ditam quem é magro e quem é gordo são estabelecidos pelas culturas. Esses padrões mudam ao longo do tempo, e mesmo agora há diferentes culturas em todo o mundo com diferentes interpretações acerca de quais pessoas são magras e quais pessoas são gordas.

Quando eu penso na minha vida, há tantas coisas que eu gostaria de poder mudar! Eu quero ser levada a sério por parceiros em potencial –- e não apenas vista como alguém com quem é divertido transar, mas não apropriada para namorar. Eu quero ser levada a sério por empregadores em potencial -– e não ser vista como alguém que vai destoar do profissionalismo do ambiente. 

Eu quero ter mais acesso às roupas que eu amo. Eu quero caber mais confortavelmente em aviões e trens. Eu quero ser tratada com respeito por médicos. Eu quero sair sem ter a preocupação de que alguém vai comentar sobre meu corpo.

A cultura me diz que se eu me conformar e fizer dieta eu poderei ter essas coisas e se eu ceder e me esconder e me odiar, então eu poderei evitar algumas outras coisas. Mas eu sei que isso é uma GRANDE MENTIRA! A verdade é que o meu corpo não é o problema. E já que não é o problema, porque eu deveria mudá-lo? Hoje os momentos que eu costumava passar odiando esse corpo são momentos que eu passo planejando a reação super radical e ultra sexy contra essa instituição cultural perigosa.

O que eu quero dizer é que a solução para um problema cultural como a gordofobia não é mais gordofobia.
Alimento para a sua mente: ensine uma garota a se conformar e ela estará segura por um dia. Ensine uma garota a desconstruir o patriarcado e ela estará livre para sempre.
Essas mulheres vestem manequim diferente mas todas têm o mesmo peso: 68 quilos. E nenhuma é gorda. Ou, pros padrões de modelo — nenhuma chega aos 60 quilos —todas são gordas?
Fonte: Escreva Lola Escreva

 

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