Morre Linda Brown, ícone da luta contra a segregação racial nas escolas dos EUA

FILE - This undated file photo, location unknown, shows Linda Brown. Brown, the Kansas girl at the center of the 1954 U.S. Supreme Court ruling that struck down racial segregation in schools, has died at age 76. Peaceful Rest Funeral Chapel of Topeka confirmed that Linda Brown died Sunday, March 25, 2018. (AP Photo, File)

Após ser rejeitada em uma escola primária por ser negra, Brown foi o principal nome no processo judicial que pôs fim à divisão que regia a educação pública americana

no Estadão

WASHINGTON – Linda Brown, uma mulher do Kansas que na década de 1950 ficou famosa por um processo que proibiu a segregação racial nas escolas dos Estados Unidos, morreu aos 76 anos nesse domingo, 25, segundo a imprensa americana.

 Nascida em Topeka, capital do Kansas, Brown tinha nove anos quando o seu pai, o reverendo Oliver Brown, tentou inscrevê-la em 1950 na escola pública primária mais próxima à casa da família.

A recusa da escola Summer School a aceitá-la por ser negra provocou quatro anos mais tarde a histórica decisão do processo “Brown vs. Board of Education” (Brown contra a Junta de Educação), no qual a Suprema Corte dos Estados Unidos pôs fim à doutrina “segregada, mas igual” que regia na educação pública americana desde 1896.

O Tribunal determinou que “separar (as crianças negras) de outras de idade e qualificações similares unicamente pela sua raça gera um sentimento de inferioridade quanto à sua posição na comunidade que pode afetar seus corações e mentes de um modo improvável de reverter”.

Além disso, a Corte concluiu que a segregação era uma prática que violava a cláusula de “proteção igualitária” prevista na Constituição.

Embora Brown tivesse dado o nome, o processo agrupava vários casos recompilados pela Associação Nacional para o Progresso de Pessoas de Cor (NAACP, na sigla em inglês) de estudantes afro-americanos rechaçados em instituições educativas ao redor do país.

Um porta-voz da funerária de Topeka confirmou à imprensa americana que Brown morreu neste domingo, 25, por razões que não foram informadas.

Em entrevista à emissora “PBS” em 1985, por ocasião do aniversário de 30 anos da sentença, Brown disse sentir que a decisão da Suprema Corte tinha tido “um impacto em todas as facetas da vida das minorias em todo o país”.

“Eu penso em termos do que fez para nossos jovens, na eliminação desse sentimento de cidadania de segunda classe. Acho que fez com que os sonhos, as esperanças e as aspirações de nossos jovens sejam hoje maiores”, acrescentou.

Embora tenha se tornado um ícone dos direitos civis, o “Brown” que nomeia o processo contra a Junta de Educação pertence ao seu pai, que foi quem levou o caso à Justiça e morreu em 1961. //EFE

 

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