O último dia da Campus Party foi marcado por uma programação voltada para as mulheres. As palestras abordavam criação de conteúdo feminino para a web, empreendedorismo para mulheres, atuação na área tecnológica e a importância da inserção da mulher no mercado de tecnologia. Foram desde palestras com webmakers como Marimoon e Bruna Vieira, análise dos papéis femininos em BSG por Márcia Klimiuc e Samir Fabiano até a mesa de debate sobre feminismo digital composta por Amanda Lemos e Bruno Cared.
Por Naiara Teixeira, do Brasil Post
A última palestra sobre o tema abordou as principais questões das mulheres no mercado de tecnologia, intitulada “Por mais mulheres empreendendo com tecnologia | Prêmio Mulheres TECH em SAMPA” foi composta por Ana, Luciana, Fernanda e Mariana, ambas mulheres de sucesso da Rede Mulher Empreendedora, Google for Entrepreneurs e Prefeitura de São Paulo.
A inserção das mulheres nas áreas de conhecimento tecnológicos é mais do que uma questão igualitária é emponderamento feminino dentro de uma sociedade patriarcal. Mariana defende: “Precisamos fazer o possível pra mudar individualmente, mas também abrir nosso espaço e atacar em todas as frentes para a mudança”.
Luciana destaca a importância dos exemplos e representação. Afinal é a partir de ídolos e espelhos que cada indivíduo descobre sonhos e enxerga potencial , sobre isso ela problematiza: “Na minha época não existiam brinquedos para meninas”. O debate discorre sobre o aumento dessa representação e incentiva a normalização desse fato.
Outro ponto importante na falta de atuação feminina em áreas de exatas é o modo como os papéis são distribuídos simplesmente por gênero. As meninas competem as áreas de humanas e aos meninos, exatas. “Não é o fato de você nascer mulher que vai determinar o que você vai ser. A gente pode tudo” – enaltece Mariana, mostrando o quanto é preciso uma mudança de visão e quebra de papéis estereotipados em sociedade.
Aliás, os estereótipos são outro problema. As mulheres quando não restritas a uma determinada habilidade, podem ser vistas como multitarefas. A geração “mulher-maravilha” – que executa milhares de atividades com perfeição é uma ilusão, essa pressão de ter sempre que fazer mais para provar seu valor é uma expectativa exacerbada.
“É querer ser a mãe, a esposa, a dona de casa, a empreendedora perfeita… temos que reduzir essa expectativa, decidir as áreas prioritárias e se dedicar apenas a elas”, reflete Luciana.
O preconceito é real, mas é necessário enfrentamento. Resistência e auto-afirmação também são essenciais para quebrar aos poucos as barreiras impostas. Atualmente 20% do público da Campus Party é composto por mulheres em São Paulo, o número ainda é baixo, porém iniciativas deste tipo incentivam as garotas a serem o que quiserem e sonharem além dos estereótipos e papéis pré-concebidos. “Quanto mais conscientes desse poder que temos, melhor nossa representatividade”, exalta Fernanda.
Após a palestra houve a premiação do “Prêmio Mulheres TECH em SAMPA” com a presença do prefeito Haddad, o senador Suplicy, o secretário das relações governamentais Alexandre Padilha e diretor da Google Brasil Marcelo As cinco equipes ganhadoras receberam um cheque de R$10.000,00 para investimentos nos projetos sobre incentivo a participação feminina na tecnologia.
Fotos Naiara Teixeira