Musical ‘A Cor Púrpura’ chega a SP para curta temporada com história de racismo e machismo

Cena do musical "A Cor Púrpura" - Rafael Nogueira/Divulgação

‘A história é universal: fala do ser humano, em especial das mulheres’, diz diretor

Por Tatiana Cavalcanti, da Folha de São Paulo

Cena do musical “A Cor Púrpura” – Foto: Rafael Nogueira/Divulgação

O musical “A Cor Púrpura”, em cartaz em São Paulo em curta temporada, logo de início nos transporta ao sul dos Estados Unidos nos primórdios do século passado. A cantoria potente faz parecer que estamos no culto festivo de alguma igreja do estado americano da Georgia, onde a história se passa.

Tudo embalado por um gospel bem animado e cheio de louvor. A plateia participa batendo palmas, erguendo os braços e balançando as mãos.Mas a história de Celie não é nada animada. Baseada no livro homônimo de Alice Walker —levou o prêmio Pulitzer de ficção em 1983—, a peça retrata o tratamento abusivo dado às mulheres negras no início do século passado. Muita coisa, infelizmente, parece igual atualmente.

Com elenco negro, a trama começa quando Celie, de apenas 14 anos, dá à luz o segundo filho. A criança, fruto de abuso sexual cometido pelo pai da adolescente, é retirada de seus braços —assim como aconteceu com a primeira filha dela—, e levada para adoção.

O pai obriga Celie a se casar com Mister, um homem bruto que ficou viúvo e precisa de uma esposa para cuidar da casa e de seus vários filhos. Celie, porém, não é a primeira escolha de Mister porque, segundo ele, ela é muito feia. O preço que a jovem paga por sua “feiúra” é apanhar todos os dias. Sexo? Ela nem sabe que existe prazer naquilo. “Ele só sobe em cima de mim e faz o que tem que fazer”, diz a personagem em dado momento.

O apoio que ela precisa vem da irmã caçula Nettie, a primeira opção de Mister. Mas o pai das irmãs tenta abusar da mais nova também. Ela não aceita e busca ajuda na casa nova de Celie; seu marido acolhe a cunhada. Mas quando Nettie se recusa a ter relações sexuais com Mister, é violentamente expulsa e afastada da irmã por anos.

A cantoria segue alegre e parece amenizar a situação sofrida por Celie. Mas, na verdade, é um canto doído que potencializa toda a crueldade cometida pelos mais fortes contra os mais fracos. A tensão da história é amenizada pelo casal Harpo, filho de Mister, e Sofia, mulher empoderada que não aceita apanhar do marido e cria situações hilárias por seu feminismo.

A sorte de Celie começa a mudar com a chegada de Shug Avery, amante de seu marido. Quando pensamos que as duas vão se estapiar, elas se tornam grandes amigas. A chegada dessa nova personagem vai mudar a vida da mulher pobre, negra e “feia”, que sofreu abusos de vários tipos cometidos por muitas pessoas ao longo de décadas .

“A história é universal: fala do ser humano, em especial das mulheres. É imediata a identificação com o momento do país, onde há tantas histórias de opressão às mulheres. ‘A Cor Púrpura’ é um grande grito de liberdade”, afirma o diretor e idealizador, Tadeu Aguiar.

A história ganhou os cinemas em 1985, com direção de Steven Spielberg e grande elenco, com atores como Whoopi Goldberg (Celie), Danny Glover (Mister) e Oprah Winfrey (Sofia), essa última revelada neste longa.

Um dos melhores musicais do ano, o emocionante espetáculo de Marsha Norman tem músicas de Brenda Russell, Allee Willis e Stephen Bray. A versão brasileira ficou por conta do jornalista Artur Xexéo.


‘A COR PÚRPURA – O MUSICAL’

Quando Sex., às 20h30; sáb., às 18h e às 21h30; e dom., às 19h (em dezembro). Em janeiro e fevereiro os horários aos sábados serão às 17h e às 21h – Até 16 de fevereiro de 2020
Onde Theatro NET SP (rua Olimpíadas, 360, 5° andar, Vila Olímpia
Preço De R$ 75 a R$ 220 (aceita meia-entrada)
Classificação 12 anos
Tel. (11) 3448-5061)

-+=
Sair da versão mobile
Privacy Overview

This website uses cookies so that we can provide you with the best user experience possible. Cookie information is stored in your browser and performs functions such as recognising you when you return to our website and helping our team to understand which sections of the website you find most interesting and useful.

Strictly Necessary Cookies

Strictly Necessary Cookie should be enabled at all times so that we can save your preferences for cookie settings.

If you disable this cookie, we will not be able to save your preferences. This means that every time you visit this website you will need to enable or disable cookies again.