Número de óbitos maternos em mulheres negras e brancas, Brasil, 2000 a 2007

Enviado por Jurema Werneck – Conselho Nacional de Saúde

Racismo é entrave para Política de Saúde da População Negra

O racismo é determinante social das condições de saúde no Brasil. Esse foi um dos problemas abordados ontem (03) por Jurema Werneck, representante do Conselho Nacional de Saúde na reunião técnica de implementação da Política Nacional de Saúde da População Negra. No evento, coordenado pela Secretaria de Promoção da Igualdade (Sepromi), a médica elencou outros desafios como a dificuldade de acesso aos serviços de saúde pública, e caracterizou a vulnerabilidade das pessoas negras a partir de dados do Ministério da Saúde.

Os debates na reunião técnica sobre a implementação da Política Nacional de Saúde da População Negra serão encerrados hoje (04), no Hotel Bahia Othon. O objetivo é a avaliação dos avanços, desafios e experiências de profissionais da área e representantes de órgãos de saúde das três esferas de governo. Entre os expositores, além de Werneck, estão os secretários da Saúde do Estado de São Paulo, Luís Eduardo Batista, e de Recife, Miranela Arruda, e a diretora do Departamento de Apoio à Gestão Estratégica e Participativa do Ministério da Saúde, Ana Maria Costa.

Para a gestora federal, que também acusou a necessidade de eliminação da discriminação por racismo no âmbito da saúde pública, é preciso definir metas diferenciadas para modificar índices como os relativos à mortalidade materna, que afetam mais as mulheres negras. “Há indicadores de que elas procuram menos os serviços porque são discriminadas nesses ambientes”, declarou a diretora, lembrando que as pesquisas acusam que o risco de morte das mulheres negras é sempre maior do que o das brancas.

“Esses dados têm que ser revertidos. Afinal, tudo que está relacionado à morte materna pode ser evitado. Logo, esse é um tipo de morte avisada”, alertou a secretária de Promoção da Igualdade, Luiza Bairros. Já a médica Jurema Werneck, reconheceu que o “Sistema Único de Saúde, o SUS, é justo, mas carece de adequações”, e destacou como desafios para a política nacional de saúde da população negra tanto a necessidade de um sistema inclusivo, quanto o confronto com o racismo.

Entre as ações que devem ser adotadas para dar visibilidade às disparidades no atual sistema, a médica sugere a coleta e divulgação de dados epidemiológicos, segundo a cor do paciente; o mapeamento das condições de acesso da população negra ao SUS; mapeamento da qualidade das ações e serviços, segundo a cor e a localidade; e o estabelecimento de mecanismos de informação e diálogo com a população negra.

Fonte: Sepromi

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