O Caçador Cibernético da Rua 13

Baseado na mitologia de Odé Oxossi, O Caçador Cibernético da Rua 13 resgata a ancestralidade do povo negro em um futuro longínquo. Habilidoso, o autor Fabio Kabral constrói uma trama eletrizante.

Por  Filipe L. Dias para o Portal Geledés 

Reprodução

O romance, lançado pela editora Malê, apresenta João Arolê, um caçador de espíritos na cidade de Ketu 3. Com poderes sobrenaturais, considerado um emi ejè, o antigo assassino das forças especiais de supressão precisa enfrentar o seu passado para alcançar a redenção.

Kabral cria a cidade estado de Ketu 3. É uma cidade situada no novo mundo, repleta de homens e mulheres “melaninados” que foram abduzidos de seu planeta natal por alienígenas. De forma metafórica, o autor nos leva a perceber que Ketu 3 é o Brasil, local onde os africanos foram transportados em naves (naus) para ingressar a massa de escravos negras que construiu nossa nação. No romance, os homens e mulheres abduzidos revoltam-se e dominam esse planeta, fundando as cidades estados.

Ketu ou Quetu é o reino de Odé Oxóssi. Odé Kileuy e Vera de Oxaguiã esclarecem que ele também é reverenciado como o Alaketu, “O senhor de Ketu”, cidade onde governou em tempos imemoriais. Ainda, segundo os autores, os odés mais poderosos possuíam o direito de usar armas, eram os guardiões das aldeias e cidadelas e formavam, de certa forma, a primeira força policial. Todas essas referências podem ser encontradas no romance de Fábio Kabral.

João Arole é um caçador de espíritos, como Oxóssi que comanda os espíritos moradores da floresta. Essa referência e muitas outras em O Caçador Cibernético da Rua 13 integram esse romance às prateleiras afrofuturistas, e, se não me engano, torna Fabio Kabral como o primeiro autor brasileiro a publicar um romance dentro da temática.

Referências bibliográficas

– Mauricio, George. O Candomblé bem explicado (Nações Bantu, Ioruba e Fon) / Odé Kileuy e Vera de Oxaguiã; [organização Marcelo Barros]. Rio de Janeiro: Pallas, 2009.

– Prandi, Reginaldo. Mitologia dos Orixás. São Paulo, Companhia das Letras, 2001.

– Freitas Kênia, et all. AFROFUTURISMO, Cinema e Música em uma Diáspora Intergaláctica. 2015.

– Kabral Fábio. O Caçador Cibernético da Rua 13 / Fábio Kabral. Rio de Janeiro. Malê, 2017.

 

Marcadores: #Afrofuturismo, #Literatura, #LiteraturaNegra, #Resenha, #FilipeLDias

Cedido pelo blog: http://filipeldias.blogspot.com.br/

 

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