Para brasileira, justiça suíça agiu com “incompetência ou racismo” ao dar a guarda do filho para pai com ficha criminal

 
A brasileira Marciana G., mãe do garoto Florian, supostamente assassinado pelo pai há cerca de duas semanas, acusou nesta segunda-feira a Justiça suíça de ter culpa na morte de seu filho, por ter concedido a guarda da criança ao suíço Gustav G. apesar de sua ficha criminal.
Durante uma coletiva de imprensa, a mãe questionou hoje a Justiça suíça, que negou seu direito de morar com o filho, entregando-o a um pai com antecedentes criminais graves. “Eu não sei o que levou a Gemeinde [comuna] de Bonstetten a agir assim: se foi uma grande incompetência profissional, ou se foi por discriminação e racismo”, declarou a mãe, uma brasileira negra.

Segundo a imprensa local, quando ganhou a guarda, o pai já tinha histórico criminal por tentar matar um filho que teve com outra mulher, em 2008. Na ocasião, Gustav teria asfixiado o garoto de 13 anos de idade até que ele desmaiasse, e depois atirado-o de um barranco. Em decorrência do frio que passou durante a noite e dos ferimentos que recebeu, o garoto ficou permanente inválido.

A brasileira, de 35 anos de idade, contou que não sabia do passado do suíço nos início do relacionamento dos dois – “ele dizia que tinha sido um acidente de carro” a causa da paralisia de seu primeiro filho, conta ela.

Apesar disso, Conselho Tutelar de Bonstetten – que sabia do passado criminal de Gustav – entregou o segundo filho ao pai suíço quando Marciana decidiu se separar dele. A decisão, segundo a brasileira, foi “desastrosa”.

Há cerca de duas semanas, a criança em disputa, Florian, de quatro anos de idade, foi encontrado morta ao lado do pai, que estava desacordado, em um quarto de hotel, na cidade de Winterthur. A morte aconteceu um dia antes do aniversário de cinco anos da criança, e o pai é o único suspeito do crime.
“Na realidade, eu acho que isso podia acontecer devido aos comportamentos estranhos que ele tinha”, afirmou Marciana, que recorria da decisão judicial sobre a guarda do filho quando a criança morreu.
Depois de perder a guarda, ela relata que observava durante as visitas uma situação de frieza e indiferença com a criança por parte do pai. Florian não tomava banho todos os dias, só se alimentava com macarrão e nunca brincava com o pai, segundo Marciana.
O suíço, que trabalhava poucas horas por semana, também a obrigava a se prostituir para arcar com as despesas domésticas, e teria agredido a brasileira em pelo menos duas ocasiões. “Nada do que eu falava eles acreditavam. Tudo o que o pai da criança dizia era tudo correto”, afirma.
“Ela deseja que o caso seja esclarecido, que se diga quem tem culpa nesta morte, para que um caso assim nunca mais aconteça”, acrescentou o advogado da brasileira, Burkard J. Wolf.
 

 

 

 

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