Para Justiça, morte do ‘Rei dos Passinhos’ não foi intencional

Segundo testemunhas, o dançarino foi confundido com bandido após invadir uma residência

O TJ-RJ (Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro) desclassificou o crime de homicídio qualificado do “Rei dos Passinhos”, morto em dezembro de 2011, para lesão corporal seguida de morte.

A mudança no tipo de crime foi aceita após o pedido do MP (Ministério Público do Rio de Janeiro), que, depois de ouvir os réus e testemunhas, constatou que a morte do dançarino Gualter Damasceno Rocha, também conhecido como Gambá, não foi intencional.

Paulo César Pereira da Silva, José Antônio Ferreira Dias e Carlos Emílio Siqueira, contaram que confundiram Gambá com um criminoso, achando que ele teria invadido a casa onde acabou sendo morto, na rua Pesqueira, em Bonsucesso, zona norte. Um deles, que trabalhava como vigia de uma empresa, viu pelo sistema de câmeras a movimentação do menino e, então, deixou seu posto e o perseguiu até a casa. O outro homem que confessou o crime era um vizinho e havia chegado ao local um pouco antes, assim como um pedestre que passava na rua no momento da confusão.

De acordo com a juíza titular do 2º Tribunal do Júri da Capital, a vítima estava agitada, o que dificultou a tentativa de contê-la.

— Os acusados não agiram com dolo de matar, na medida em que agiram causando tão somente lesões corporais na vítima, após todas as testemunhas afirmaram que ela estava em estado agitado e invadiu a residência de duas moradoras, que gritaram por socorro. Os acusados, por sua vez, na tentativa de conter a vítima, tiveram dificuldade em imobilizá-la e acabaram por matá-la.

O crime

O dançarino teria sido visto pela última vez em um baile funk na favela do Mandela, em Manguinhos, zona norte, na noite de Réveillon. Levado ao IML (Instituto Médico Legal) e sem identificação, o corpo foi enterrado como indigente três dias depois. Sem notícias de Gualter, um dos irmãos esteve no IML e reconheceu Gambá em fotos. O corpo apresentava diversos hematomas.

Dedicação à dança

Exímio dançarino, Gualter fazia bicos como gesseiro e se preparava para dedicar-se exclusivamente à carreira na dança. Havia recebido convites para fazer apresentações em escolas e aparições nos shows da cantora Preta Gil, que esteve no enterro.

— Ele tinha um estilo diferente, que era só dele. Se estudasse dança, com certeza seria um grande bailarino. Ele vai dançar comigo para sempre e receber eternamente meu amor. Me apaixonei quando o vi dançando.

A juíza criminal Thelma Fraga, que também compareceu ao funeral, conta que conheceu Gambá como jurada da fase final do concurso batalha dos passinhos, em setembro do ano passado. Segundo a magistrada, Gualter “quebrou paradigmas” com sua forma peculiar e provocativa de dançar funk.

— Ele pregava um funk sem violência, trouxe inovação no jeito de dançar funk com passos de balé, kuduro [dança angolana] e com trejeitos femininos. Ele era uma pessoa irreverente, era brincalhão e dócil.

Amigos e parentes de Gualter usavam camisetas com uma foto do dançarino e palavras de conforto. Durante o velório improvisado, amigos bateram palmas em ritmo de funk.

Gualter era o terceiro de quatro irmãos e, segundo a família, morava com um primo na Vila Joaniza, na Ilha. A mãe de Gambá, a cozinheira Edite Damasceno, havia se mudado para Juiz de Fora, cidade natal da família, há apenas dois meses.

 

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Fonte: R7

 

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