Pavilhão do Brasil vence o Leão de Ouro da Bienal de Arquitetura de Veneza

Esta é a primeira vez em que o país é agraciado com o prêmio

FONTEPor Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo
Os curadores Gabriela de Matos e Paulo Tavares ao receberem o Leão de Ouro na Bienal de Arquitetura de Veneza, na Itália, neste sábado (20) (Foto: @labiennale no Instagram)

O Pavilhão do Brasil foi premiado neste sábado (20) com o Leão de Ouro na Bienal de Arquitetura de Veneza. A mostra laureou o projeto “Terra”, assinado pelos arquitetos e curadores Gabriela de Matos e Paulo Tavares. Esta é a primeira vez em que o país é agraciado com a distinção.

Logo após o anúncio, a presença da ministra da Cultura, Margareth Menezes, foi exaltada pelos presentes. Alguns atribuíram a ela o apelido de “pé-quente” por supostamente levar sorte à comitiva brasileira.

Em discurso feito na abertura da mostra, a chefe da pasta afirmou que o país havia voltado a valorizar a cultura. Ao todo, seu ministério diz ter destinado R$ 1,5 milhão para o pavilhão.

“É do Brasil!”, comemorou Margareth Menezes, em publicação nas redes sociais. “Parabéns à exposição ‘Terra’, que traz nossas origens com tanta força e poesia, e aos arquitetos e curadores Gabriela de Matos e Paulo Tavares”, disse ainda.

Mais do que uma vitória histórica, a chegada do Leão de Ouro representou uma guinada de sorte para a própria ministra: enquanto estava a caminho da Bienal, na quinta (18), ela teve a sua carteira furtada de dentro da sua bolsa, como revelou a coluna. O prefeito de Veneza chegou a pedir desculpas pelo ocorrido.

Como mostrou a Folha, o pavilhão brasileiro deste ano teve como ponto de partida a tese de que Brasília foi fruto de um processo de colonização territorial, tendo sido erigida em um território originalmente ocupado por quilombolas e indígenas.

Gabriela de Matos, a primeira curadora negra da história do pavilhão brasileiro, e Paulo Tavares propuseram um olhar para o que chamam de arquiteturas ancestrais, ou seja, as realizadas por comunidades afrobrasileiras e indígenas.

A mostra foi dividida em duas salas. A primeira, “Descolonizando o Cânone”, problematiza a história oficial de Brasília com uma seleção de fotos de arquivo organizada pela historiadora Ana Flávia Magalhães Pinto, um vídeo da cineasta Juliana Vicente e a exposição de dois mapas, um comissionado para a mostra, “Brasília Quilombola”, e outro dos anos 1940 atualmente usado pelos indígenas para reivindicação de direitos territoriais.

A fachada do pavilhão brasileiro com os gradis ornados com sankofas (Foto: Gabriela de Matos e Paulo Tavares)

A segunda galeria, “Lugares de Origem, Arqueologias do Futuro”, reflete sobre o papel da terra como crucial na arquitetura brasileira. Os curadores defendem que o solo é o elemento comum nos terreiros das religiões de matriz africana e também nas estruturas indígenas.

Intitulada “O Laboratório do Futuro”, a bienal deste ano dá papel central à África. Dos 89 participantes da mostra principal, mais da metade tem origem no continente ou vem da diáspora africana.

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