Pesquisa britânica revela dados sobre racismo na música: “Mulheres negras não podem tocar rock”

Maioria dos músicos negros entrevistados já sofreu racismo na carreira

FONTEWikiMetal, por Larissa Catharine Oliveira
Sister Rosetta Sharpe (Getty Images)

racismo estrutural afeta todas as esferas da sociedade, inclusive a indústria musical. Artistas negros geniais foram sistematicamente apagados da história, enquanto os músicos brancos que influenciaram recebiam todo o mérito: no rock n’ roll, por exemplo, Elvis Presley é chamado de Rei do Rock, mas o estilo deve a existência à nomes como Sister Rosetta Tharpe e Chuck Berry. 

Uma pesquisa realizada pelo Black Lives in Music no Reino Unido mostra dados alarmantes sobre a presença do racismo dentro da música, com estatísticas e relatos de diversos artistas e profissionais da música negros, conforme divulgado pela Far Out Magazine.

Uma mulher entrevistada para o estudo relatou a misoginia e racismo ainda existentes entre os fãs de música pesada, a despeito da contribuição essencial de Rosetta, considerada a Mãe do Rock, ao gênero. “[Me dizem] ‘Mulheres negras não podem fazer rock’, [fazem] comentários sexuais sobre o tamanho dos meus lábios, comentários raciais sobre o meu cabelo afro ‘maluco e rebelde’, etc. Eu não dou mais atenção a esses comentários, mas acredito que é importante informar as pessoas sobre”, contou. 

Até mesmo o talento excepcional de artistas negros é usado contra eles por parte da indústria. Enquanto artistas brancos que “se parecem com os Beatles ou Oasis” são abraçados, a expectativa com artistas negros é injusta e nada parece bastar, como explica outro relato.  “A música negra é sempre vista como algo que precisa ser ‘original’ e inédito. (…) Se você é negro e toca guitarra, dizem que se parece com Jimi Hendrix – isso já foi feito antes “, disse. 

Os dados coletados pela pesquisa comprovam as experiências desses artistas: 86% dos músicos negros concordam que existem barreiras causadas por raça para crescer na indústria musical; 63% dos músicos negros foram vítimas de racismo direto e 43% das mulheres negras na indústria foram instruídas para mudar a própria aparência, de forma direta ou velada, para ter uma chance na carreira musical.

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