PMs destroem decoração de festa Junina no Alemão

No último dia 15 policiais da UPP Fazendinha, no Alemão, destruíram a decoração de uma festa junina para crianças sob os olhos, e celulares, de mulheres indignadas. A justificativa do comando da PM foi que não houve solicitação formal para a festinha das crianças. Artur Voltolini, editor do Favela 247, escreveu artigo questionando o papel da PM nas favelas com UPPs: “Nas UPPs quem gerencia o trânsito é a PM, CET é para o asfalto. Secretaria de cultura pra quê? Subprefeitura? Um luxo! Para a favela, basta a PM”

Por Por Artur Voltolini Do Brasil247

Para os ricos Governo e Prefeitura, para os pobres sobra a PM

Um grupo de homens vestidos com um desconfortável uniforme cinza petróleo, cobertos por coletes à prova de balas, carregam fuzis de guerra enquanto destroem calmamente fios de barbante, tomados por bandeirinhas coloridas de papel, que decorariam uma festa junina para crianças na localidade conhecida como Zona do Medo, na favela da Fazendinha, no Alemão, enquanto são observados e filmados por mulheres revoltadas com a situação.

A cena, de um realismo fantástico tosco, foi captada no dia 15 de julho e já teve mais de 45 mil visualizações nas redes sociais. Questionado pelo jornal A Voz das Comunidades o comando da UPP soltou uma nota lacônica: “De acordo com o comando da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) Fazendinha, o evento não tinha autorização e não houve solicitação formal a Polícia Militar. Outros eventos na comunidade estão programados para esse fim de semana. Abs.”

É assim nas favelas com UPPs: não se faz nada sem autorização militar. Em nenhuma outra área da cidade é assim. Nas UPPs quem gerencia o trânsito é a PM, CET é para o asfalto. Quem dá aula de artes marciais é a PM, sensei é para playboy. Secretaria de cultura pra quê? Subprefeitura? Um luxo! Para a favela, basta a PM.

Uma das mulheres indignadas questionava a liberação de uma festinha semelhante na localidade do Areal, dizendo que só liberaram porque lá houve dinheiro para a PM, enquanto aquela festinha, que seria organizada apenas pelos moradores, não tinha pago nada. Outra mulher afirmava aos gritos que aquela decoração tinha saído do bolso dos moradores, que não era evento ligado ao tráfico. No final ela questiona: “Aí a criança fica revoltada, com raiva de polícia. Por que será?”

Os militares, principalmente os brasileiros, devem ser a classe menos preparada para lidar com festinhas infantis. Enquanto o Governo do Estado e a Prefeitura deixarem toda a administração pública das favelas com UPPs na mão da PM, não vai ter festinha para ninguém.

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