Por que busca ‘mulher negra dando aula’ no Google leva à pornografia

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Mais uma vez o racismo que objetifica e sexualiza pessoas negras foi escancarado. Tudo começou com uma busca simples feita no Google, que revelou como mulheres negras são entendidas pelos algoritmos da plataforma de busca.

Do Hypeness

Quem denunciou isso foi a relações-públicas Cáren Cruz, de Salvador (BA), que fazia pesquisa para produzir uma apresentação corporativa em uma empresa. Ela expôs o caso no dia 01 de outubro em postagem no Facebook.

A pesquisa “mulher negra dando aula” no Google Imagens exibe resultados pornográficos, com cenas de sexo explícito. O mesmo não acontece quando se busca “mulheres dando aula”⁣ ou “mulheres brancas dando aula”.

“Eu desenvolvo consultoria de RP para empresas e estava preparando uma apresentação. Uso um programa de criação para isso mas, no banco de imagens deles, quando digitava ‘mulher dando aula’, só apareciam brancas. E eu queria, na verdade, me representar ali, queria uma imagem mais realista”, disse Cáren para o site Universa.

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“Foi quando, com pressa, joguei no Google e vi essas imagens. Apagando a palavra ‘negra’, as imagens eram realmente relacionadas a dar aula. Sou mulher negra, convivo o tempo todo com racismo e fetichismo”, continuou para a reportagem.

Por meio de nota, a assessoria do Google Brasil disse ao site Bahia Notícias que também foi surpreendida, que ainda não é possível dizer o que ocasiona esse resultado na busca e que uma equipe trabalha para encontrar o problema e corrigi-lo.

“Quando as pessoas usam a busca, queremos oferecer resultados relevantes para os termos usados nas pesquisas e não temos a intenção de mostrar resultados explícitos para os usuários, a não ser que estejam buscando isso. Claramente, o conjunto de resultados para o termo mencionado não está à altura desse princípio e pedimos desculpas àqueles que se sentiram impactados ou ofendidos”, disse a nota.

“É evidente como o preconceito racial e o sexismo aparecem como marcadores discriminatórios para a mulher negra na sociedade. E não há como negar que o estigma da hipersexualização, oriundo de um processo histórico colonial no Brasil, é uma das formas latentes de manutenção da racialização dos sujeitos. A estrutura social programada não inclui a mulher negra na sua intelectualidade, esta perpassa entre gerações, sempre vinculada aos moldes e ao uso discriminatório do seu corpo. E a mídia, assim como as plataformas tecnológicas, reproduzem esse referencial depreciador no que tange à imagem da mulher negra na representação social”, afirmou Cáren ao mesmo site.

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