Categories: Sem categoria

Por um jornalismo que respeite os direitos humanos e a diversidade étnicorracial!

No dia 13 de maio de 1888, determinou-se a Abolição da Escravidão no Brasil, país que foi líder na realização do tráfico de escravos e que manteve por mais tempo o trabalho forçado. Mais de 15 milhões de pessoas foram retiradas do continente africano, e as justificativas para mantê-las escravizadas eram que estavam amaldiçoadas e pertenciam a povos inferiores. Sendo assim, vários reinos e famílias foram destruídos. Com a assinatura da Lei Áurea, as negras e os negros livres tiveram como herança a falta de formação educacional e profissional, habitações precárias e dificuldades financeiras. Eis uma mancha expressiva na nossa História!

O Movimento Negro adotou o dia 13 de maio como o Dia Nacional de Combate ao Racismo – dedicado às atividades reflexivas que promovam o debate sobre o cotidiano da população afro-descendente e também às apresentações artísticas que exaltam o legado africano deixado na cultura brasileira. Além disso, os coletivos que discutem as questões étnicorraciais no movimento sindical também contribuem para a propagação de novos paradigmas em diversas áreas.

A Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial (Cojira-AL) vinculada ao Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Alagoas (Sindjornal) foi instalada no dia 24 de novembro de 2007. Por meio do seu blog, twitter, informes afros e a Coluna Axé (veículo semanal que completa dois anos nesta quinta-feira, no jornal Tribuna Independente) vem contribuindo para a interlocução entre os segmentos afros e os meios de comunicação, além de promover a ampliação de pautas que abordem a cultura afro-brasileira e a conjuntura da população afro-descendente durante todo o ano.

Porém, atualmente, os nossos principais desafios são: a sensibilização dos profissionais sobre a temática, especialmente os que estão no dia a dia das redações; a avaliação crítica quanto à existência do racismo e assédio moral nos locais de trabalho; além da conscientização sobre as consequências das expressões preconceituosas nos veículos de comunicação.

Devemos por questão de ética e respeito evitar os termos racistas. Dentre os exemplos que são propagados podemos citar: ‘lista negra’, ‘línguas negras’, ‘a coisa tá preta’, ‘buraco negro’ (sem conotação científica), ‘páginas negras da história’, ‘samba do crioulo doido’ e vários outros.

De acordo com o Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros, é dever dos profissionais “combater a prática de perseguição ou discriminação por motivos sociais, econômicos, políticos, religiosos, de gênero, raciais, de orientação sexual, condição física ou mental, ou de qualquer outra natureza” (Cap. 2 / Artº 6º / XIV) e “não podem usar o jornalismo para incitar a violência, a intolerância, o arbítrio e o crime” (Cap. 2 / Artº 7º / V).
Também gostaríamos de lembrá-los(las) que “praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional” é crime previsto na Lei nº9.459 de 13 de maio de 1997, tem pena de reclusão de um a três anos e multa; caso o crime seja “cometido por intermédio dos meios de comunicação social ou publicação de qualquer natureza”, a pena pode chegar a cinco anos de reclusão e mais multa.

Nós vivemos 122 anos de abolição inacabada e que traz consequências até hoje! Os estereótipos existem para ampliar o preconceito e desconstruir a sociedade. Os afro-descendentes (negros = pretos + pardos) representam hoje mais da metade da população brasileira, ajudaram a formar a cultura deste país, além de contribuir decisivamente para o desenvolvimento sócio-político e econômico.

A COJIRA-AL luta por um jornalismo ético, que contribua para a transformação social e respeite a diversidade étnicorracial, de credos e de gênero! Seguimos em frente, e temos como espelhos os guerreiros quilombolas que enfrentaram seus medos e vários obstáculos em busca de liberdade.

Axé!
Atenciosamente,

Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial em Alagoas

Geledés Instituto da Mulher Negra

Share
Published by
Geledés Instituto da Mulher Negra

Recent Posts

Rapper Panikinho assume a gestão da Casa de Cultura Municipal de Hip-Hop Leste

Na última sexta-feira, 13 de junho de 2025 — data simbólica dedicada a Exu, o…

9 horas ago

Trajetória do primeiro Rei Momo negro do carnaval de SP evidencia pluralidade de mundos artísticos e urbanos negros

O primeiro Rei Momo negro do carnaval paulistano, Henrique Felippe da Costa, o Henricão, teve…

10 horas ago

Programa Raízes abre inscrições para qualificação profissional

Estão abertas as inscrições para o curso gratuito de qualificação profissional em assistente de serviços…

2 dias ago

O que emergirá do tribalismo do ressentimento?

O ressentimento tem encontrado terras férteis em ambientes marcados por mobilidade social limitada, disputas por…

2 dias ago

Enem 2025: prazo para pagamento da inscrição é ampliado até 27 de junho

Quem ainda não pagou a taxa de inscrição do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem)…

2 dias ago

‘O samba está de luto’: as homenagens de artistas e políticos a Bira Presidente

A morte de Bira Presidente, na noite deste sábado (14), aos 88 anos, causou comoção no…

3 dias ago