Professora e sambista Pedrina de Deus morre nesta quinta-feira em Fortaleza

FONTEPor CAMILA HOLANDA, do O Povo
Pedrina transformou o muro de sua casa em um painel com nomes de diversos sambistas do Ceará e de outros espaços do País. (Foto: Tatiana Fortes)

Os sambas de Fortaleza perderam um membro de excelência. Pedrina de Deus morreu na manhã desta quinta-feira, 20, aos 66 anos. Publicitária, professora universitária e consultora de marketing, a sambista lutava contra um câncer. Pedrina se foi, mas deixou um tanto dela espalhado pelos cantos de Fortaleza.

O velório da Pedrina irá ocorrer nesta sexta, dia 21, a partir das 8 horas, na Funerária Jerusalém (Av. Heráclito Graça, 330 – Centro). O sepultamento será às 16h no Cemitério Jardim do Éden, em Pacatuba.

Paraense nascida em Belém, Pedrina escolheu Fortaleza para fazer seu lar. No movimento negro, a professora ganhou visibilidade em amplitude nacional na luta pelas mulheres. Na década de 1970, no Rio de Janeiro, dirigiu o Instituto das Pesquisas das Culturas Negras (IPCN). Em Fortaleza, também se espalhada durante os Carnavais, desfilando em escolas de samba, blocos e afoxés pela avenida Domingos Olímpio.

“Foram muito sambas, muitas intimidades, muitas festividades e felicidades. O samba era sempre a pauta do dia. Pedrina tinha sempre uma alegria contagiante, sempre com um sorriso aberto e um coração enorme. Tudo para ela era alegria”, descreve o amigo Luiz Alberto Duarte Júnior, que conta quase 20 anos de amizade com Pedrina.

Também amigo, o jornalista Felipe Araújo define: “Pedrina foi uma figura rara. Uma mulher de fibra, que desde jovem se ergueu contra a opressão de raça e de gênero. Um ser de luz, que por mais de duas décadas iluminou os caminhos do samba, da negritude e do Carnaval de Fortaleza”.

Bob Santos, proprietário da SG Propag, empresa onde Pedrina trabalhava há 18 anos, conta que a consultora de marketing era um dos braços da agência. “A gente sempre a consultava. E sempre obedecia. Era uma pessoa bastante estudiosa, sempre inquieta, como deve ser todo publicitário. Vai fazer uma falta grande”.

O sambista Gugu do Cavaco, que também era amigo de Pedrina, conta que a conheceu no Bar da Mocinha, cerca de dez anos atrás. E brinca: “ela só não podia ir a todos os sambas, porque era só uma”. E Pedrina circulava por entre as rodas de samba de Fortaleza, da Praia de Iracema à Parquelândia, passando pelo Monte Castelo. Sempre querida, sempre abraçada e abraçando, com seu sorriso aberto, o paraíso perto, pra vida melhorar, tal qual cantava Jovelina Pérola Negra. (Colaborou Teresa Monteiro)

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