Projeto Negressencia aprovado pela Funarte transforma histórias em performance de dança

O movimento negro de Santa Maria anda bastante presente, trazendo a cultura da periferia para o centro e na luta por igualdade e combatendo o preconceito. O engajamento de pessoas em relação a isso gera uma grande festa de consciência negra durante o mês de novembro, a Kizomba, há quase 30 anos. Agora um grupo aprovou, junto á Funarte, o projeto Negressencia, que vai contar histórias de mulheres negras do Rio Grande do Sul, transformando em acervo de fotos, histórias de vida e intervenção artística.

Do A Razão

O projeto Negressencia tem como objetivo criar uma estrutura completa de pesquisa artística e construção em arte, através de uma equipe diversa, composta por artistas, produtores e pesquisadores, para historiografar e traduzir as informações coletadas na forma de um espetáculo de dança, na linguagem da arte contemporânea, sobre a mulher negra gaúcha. Este projeto, comandado por Marta Nunes e Manoel Luthiery, será baseado em pesquisa de campo nas comunidades onde essas mulheres vivem e possuem uma atuação artística, social e política.

Parte do que for produzido será transformado de acervo iconográfico e histórico de personalidades do gênero feminino vivas, ou as que continuam vivendo apenas na memória coletiva, onde estejam presentes os relatos da presença da mulher negra no cenário da sociedade gaúcha.

Karen Tolentino é uma das mulheres que já foi entrevistada para o Negressencia, A bacharel em Educação Física, 30 anos, contou sua história.  “O projeto me trouxe uma nova perspectiva sobre a dança negra e auxiliou na minha identidade negra, bem como na minha autoestima. Considero esse projeto importante devido a sua proposta de ter como inspiração para a execução do seu trabalho, vivências de mulheres negras gaúchas. Um grupo de bailarinos dançando na Universidade Federal de Santa Maria que até pouco tempo atrás era um espaço de pouco acesso para a negritude, é um avanço para a nossa cidade”, analisa Karen.

No Negrecessencia, serão entrevistadas e pesquisadas yalorixás, praticantes de religião de matriz africana, líderes comunitárias, chefes de famílias, entre outras anônimas que carregam consigo saberes e peculiaridades da ancestralidade negra: “carregam a marca de ter fé na vida”. Marias de muitos nomes, de experiências singulares, de pele escura, de coragem, de fé e de pés fincados na sua cultura.Com os pés na arte e dança e com forte viés feminino e feminista, nossas pesquisas possibilitarão que mulheres de municípios do Rio Grande do Sul tragam elementos de suas Histórias, suas lutas diárias e de uma vida toda. Estas identidades servirão como alimento para a construção de um espetáculo homônimo.

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