Quase 23 mil medidas protetivas foram dadas a mulheres vítimas de violência, em 2023; Botão do Pânico foi acionado 91 vezes

Vítima de violência doméstica, Adriana Freitas Barreto conta ter recebido medida contra o ex-marido, mas ferramenta não foi suficiente para protegê-la

FONTEO Globo
Quase 23 mil medidas protetivas foram dadas a mulheres vítimas de violência, em 2023 — Foto: Hermes de Paula

Para se protegerem de violências domésticas, as mulheres costumam receber medidas protetivas e, em caso do agressor ser monitorado por tornozeleira eletrônica, utilizarem o Botão do Pânico. Somente no ano passado, a ferramenta foi acionada 91 vezes em todo o estado, segundo a Secretaria de Administração Penitenciária (Seap). Já o Departamento-Geral de Polícia de Atendimento à Mulher (DGPAM), conta que foram entregues quase 23 mil medidas protetivas.

O botão, administrado pela Seap, acompanha vítimas cujo agressor responde em liberdade e com uso de tornozeleira eletrônica. A secretaria informa que monitora 134 agressores, todos com histórico de violência doméstica. Uma vez pressionado, o dispositivo aciona a central do 190, da Polícia Militar, que direciona imediatamente uma viatura até a vítima. Na capital, a predominância de acionamentos acontece na Tijuca, com quatro monitoradas, Taquara, Copacabana e Jardim Guanabara, todos esses com três mulheres.

A secretária de Estado de Administração Penitenciária Maria Rosa Lo Duca Nebel reforça que o monitoramento dos agressores são importantes para tirá-los da “escuridão”.

— As mulheres não estão mais sozinhas na luta contra a violência doméstica. A partir do sistema de monitoração eletrônica, os agressores, antes ocultos nas sombras, agora estão sob olhar constante das forças de segurança pública do Rio de Janeiro, a postos 24 horas para agir em defesa da vida daquelas que eles perseguem — afirma.

Além das 23 mil medidas protetivas, o DGPAM apreendeu 137 armas e efetuou 943 prisões, entre flagrantes e mandatos, além de ter indiciado mais de 12,2 mil pessoas.

Seis horas sob tortura

Adriana Freitas Barreto, foi agredida pelo ex companheiro, Márcio Barreto, lutador de jiu-jitsu, por 6 horas — Foto: Beatriz Orle/ O Globo

A fisioterapeuta Adriana Freitas Barreto, de 48 anos, conseguiu escapar das violências do ex-marido se jogando do carro em movimento. No último sábado, ela foi espancada, mordida, enforcada, xingada e teve os dedos e punhos torcidos durante às 6h em que ficou trancada no veículo, sob a presença de Marcio de Oliveira Barreto, de 54 anos, preso na segunda-feira.

— Quando eu me joguei do carro, ele não estava em alta velocidade porque já estava clareando, já devia ser umas seis horas da manhã e já tinha gente na rua. Eu abri a janela e comecei a gritar: “Socorro, socorro”. Aí um monte de gente começou a olhar. Acho que foi isso que assustou ele. Foram seis horas de tortura, de meia-noite às seis da manhã. Achei que ele ia me matar — contou Adriana.

Eles eram casados há 25 anos e estavam separados há um ano e meio. A vítima conta que já tinha uma medida protetiva contra o ex-marido, recebido em 2023 após ele ter invadido seu apartamento, tentado roubar seu celular duas vezes e também espancá-la.

Preso, Marcio responderá por lesão corporal, tentativa de estupro, sequestro e descumprimento de medida protetiva. Ele foi encaminhado para o sistema prisional.

-+=
Sair da versão mobile