Sozinha eu ando bem, mas com você ando melhor

Women laughing together on urban rooftop

Mulheres negras e um ilá

Vozes que por vezes ecoou secretamente

Vozes que por vezes ecoou no cochilo da negação

Em tempos de agora

A voz que não se cala

Estende-se ao corpo que também fala

Traz uma geração inteira

Atravessa vários muros e mundos

É o ilá de quem não dorme

******************

Conexões para os Futuros Feministas. Por Emanuelle Goes

A interseccionalidade como ferramenta, este é o primeiro passo para os Futuros Feministas.

Suas dimensões foi a experiência vivida no Fórum AWID, as diversidades de mulheres e suas demandas, assim como as formas e estratégias de lutas foi o maior aprendizado e de quanto estamos conectadas pelas lutas e pela ancestralidade.

Muitas águas corriam nos espaços do Fórum Awid, a ancestralidade se fazia presente, na luta, na resistência e na dança, daí entendi que “A minha ancestralidade dança na revolução”.

A ancestralidade feminina é feminista e nos abarca em todas as nossas diferenças e interseccionalidades, quando vejo o mundo só encontro esse caminho para a realização de sonhos de um mundo menos desigual, livre de todas as formas de opressão, no entendimento que somos diversas com singularidades da corporeidade e do lugar.

Pois é isso para que vejamos o ser humano na sua dimensão integral é preciso ver primeiro o que compõe aquele corpo, Kimberlé Crenshaw diz que a interseccionalidade não é uma visão holística de identidades, mas uma visão das múltiplas fontes de identidade quando se pensa sobre a construção da esfera social e política.

Me abrigo nos braços de minha irmã (Sisterhood) – Para nós, por nós e entre nós

Jurema Werneck no encerramento do Fórum nos apresenta uma demanda e diz: “É preciso fazer conexões, para darmos o próximo passo”, para mim este foi o principal produto/fruto /resultado do fórum, compromisso de fazer conexões com as mulheres no mundo, compromisso de irmanar com as mulheres do mundo a dor que atinge a cada uma. E se a luta é coletiva, a dor, o amor e a cura também são. A irmandade cura a dor da alma e nos salva.  Não estamos sós.

Parto do entendimento que o retrocesso que estamos vivendo na atualidade, sobre a violação de direitos conquistados e os avanços das violências de diversas ordens que nos atinge aqui no Brasil e em outras partes do mundo, tem a ver conosco, e é sobre nós.

O Feminismo é luta coletiva, o Feminismo Negro cabe todo mundo pois é interseccional. Finalizo com um grito, um hino, um desabafo das jovens feministas: “Companheira me ajude que eu não posso andar só, eu sozinha ando bem, mas com você ando melhor!”.

O Forum Awid ampliando as vozes das mulheres no mundo, pois o mais importante na luta feminista negra, sobretudo, é ser ouvida em primeira pessoa.


Sobre a autora

Emanuelle Goes e uma Feminista Negra, Ativista do Movimento de Mulheres Negras, Blogueira, Enfermeira, Coordenadora do Programa de Saúde das Mulheres Negras – Odara Instituto da Mulher Negra, Doutoranda em Saúde Pública (ISC/UFBA).

-+=
Sair da versão mobile