Ter os cabelos alisados quimicamente já foi febre entre as mulheres, mas hoje em dia muitas delas têm optado por voltar aos fios originais. A transição das madeixas alisadas pode demorar um tempo e requer cuidados, tornando a paciência e o comprometimento posturas indispensáveis para alcançar o resultado desejado.
A pedido do UOL Beleza, especialistas revelam como funciona esse processo e contam o que é necessário para ter fios naturais e saudáveis de novo.
Não tem volta
A mulher que optou por um alisamento químico precisa ter a consciência de que o procedimento é irreversível. “Depois que o alisamento químico é feito, há a quebra da estrutura dos fios e uma vez que isso acontece, é definitivo”, explica a Dra. Ana Claudia Soares, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologistas.
O jeito para quem resolveu assumir os fios naturais é esperar que eles cresçam, o que pode ser um grande exercício de tolerância, já que a raiz vai estar de um jeito e o comprimento do cabelo de outro.
Com jeitinho
A espera para que os fios voltem ao normal pode ser demorada. Por isso, é preciso lançar mão de alguns truques. “No caso de quem tem cabelo curto, em três ou quatro cortes se elimina tudo”, explica Silvana Lima, do Studio W. “Já em comprimentos médios, pode demorar de um a dois anos.”
Apesar do incômodo com as duas texturas diferentes, quem quer manter os fios longos pode recorrer a algumas dicas simples durante o processo. “Para disfarçar, a pessoa deve fazer escova ou chapinha na área para igualar com o resto do cabelo que ainda vai estar liso”, aconselha Marcela Guedes, do salão Marcos Proença.
O contrário também vale e, ao invés de alisar a raiz, pode-se cachear a parte que está lisa.”Usar babyliss ou ativador de cachos para os fios irem adquirindo o formato original é uma
possibilidade que eu indico para as minhas clientes”, conta Eron Araújo, do salão Blend.
Passando a tesoura
As mais ansiosas e corajosas podem optar por deixar os fios curtinhos assim que a raiz começar a crescer, como fez Lyla Matos. A estudante de fisioterapia, 33, de Camaçari, na Bahia, mantinha as madeixas lisas há quase 20 anos, mas o interesse em voltar ao natural era maior.
“Eu tinha vontade de ter um cabelo natural de novo, mas vivia presa ao alisamento químico. Não entrava no mar e nem na piscina por causa do cabelo. Então, em 2012 resolvi parar de alisar e depois de cinco meses deixando crescer para a química sair, criei coragem e cortei bem curto”, conta.
Além disso, o corte serve para deixar os fios mais saudáveis. “Cortar os fios durante a transição é muito importante para ir eliminando as partes alisadas e evitar pontas ralas e duplas”, indica Silvana. O ideal é que as madeixas sejam aparadas em intervalos de, no máximo, dois meses.
Tratamento especial
No período de transição, além do corte, alguns cuidados também são imprescindíveis. “A hidratação é fundamental, tanto para manter o movimento dos fios processados, quanto para garantir que os novos fios estejam saudáveis durante a transição”, aconselha o hairstylist Wilson Eliodório.
Segundo o cabeleireiro Eron Araújo, o ideal é usar uma linha de reconstrução para os fios e a cada 15 dias fazer uma hidratação com produtos à base de proteínas vegetais. Dessa forma, os cabelos conseguem os nutrientes necessários. “Óleos vegetais ajudam o cabelo a ficar menos quebradiço”, completa a Dra Ana Claudia.
Empoderamento
Além de ser mais saudável, a transição do cabelo alisado quimicamente para o natural tem se mostrado uma tendência. “O ser humano está tentando resgatar a naturalidade e o cabelo representa muito isso. É uma demanda do mercado de beleza”, acredita Eron.
Ainda que seja um apelo comercial, voltar às origens também tem a ver com as mulheres se sentirem representadas, o que resulta, enfim, em um sentimento de aceitação. “Quase não havia mulheres de fios enrolados na TV e hoje em dia elas marcam presença em maior quantidade. Isso é bom porque mostramos para a sociedade que aceitamos nosso cabelo do jeito que ele é”, finaliza Lyla, que nem pensa em alisar os fios de novo.
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