Uma Bíblia das Mulheres para todas (e todos)

A nova Bíblia das Mulheres, uma revisão crítica do papel feminino na Bíblia. FABRICE COFFRINI AFP

Teólogas católicas e protestantes revisam textos bíblicos um século após primeira ‘Bíblia da Mulher’

Por SILVIA AYUSO, do El País

A nova Bíblia das Mulheres, uma revisão crítica do papel feminino na Bíblia. (Foto: FABRICE COFFRINI/AFP)

As 20 teólogas e historiadoras por trás de Uma Bíblia das Mulheres poderiam ter proposto um novo mandamento: não jogarás fora a Bíblia, mesmo que sejas feminista, e tampouco rejeitarás o feminismo por ser cristã. Preferiram deixar esse ensinamento como mera orientação inspiradora de um livro surgido na esteira do movimento feminista Me Too e que busca alterar a atitude de “cólera” de muitas mulheres contra o texto fundamental do cristianismo, “que por tanto tempo foi utilizado para perpetuar numerosos estereótipos patriarcais sobre a mulher”, como dizem na introdução da obra.

A ideia surgiu, esclarece por telefone Lauriane Savoy, codiretora do projeto, da constatação de que “há muitas mulheres que não conhecem os textos bíblicos, mas têm muitos preconceitos, acreditam que a Bíblia é composta de textos totalmente caducos, que são veículos de estereótipos nem atuais nem compatíveis com os valores de igualdade e feminismo que temos hoje em dia”. Mas para as autoras de Uma Bíblia das Mulheres, tanto as protestantes como Savoy como as católicas, procedentes de quatro gerações distintas e de vários países francófonos — do Canadá a Camarões — “pode-se ler a Bíblia sendo feminista, e inclusive a leitura da Bíblia pode nos nutrir como feministas”.

Sobretudo porque, argumentam, não se pode compreender o mundo de hoje sem a Bíblia. “É um dos textos fundadores da nossa cultura, não só a europeia, e é muito importante, por um lado, conhecer os textos fundadores para compreender como a história evoluiu. Mas também para responder aos argumentos antifeministas, porque ainda há contextos nos quais são usados trechos específicos da Bíblia para legitimar a submissão da mulher, e é importante conhecer os textos”, afirma Savoy de Genebra, onde leciona Teologia Prática na universidade local, fundada por Calvino no século XVI.

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