‘Vou enterrar meu filho por conta de uma ação policial’, acusa mãe de adolescente morto em Paripe

Na manhã desta segunda-feira (25), a comunidade fez um protesto contra a forma como a polícia faz abordagens naquela região

Por Tailane Muniz, do Correio 24 Horas 

A família de Alisson Jesus de Santana, 15 anos, responsabiliza a Polícia Militar pelo tiro que matou o garoto na noite deste domingo (24) no bairro de Paripe, em Salvador. Segundo eles, o menino estava na companhia da namorada e de amigos, quando uma equipe da 19ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM/Paripe) chegou na localidade de Bate Coração fazendo disparos pela rua.

Na manhã desta segunda-feira (25), a comunidade fez um protesto contra a forma como a polícia faz abordagens naquela região – a denúncia é de que ação policial é truculenta. Eles queimaram pneus e objetos na Rua Juracy Magalhães, em frente ao Restaurante KMassas. A PM está no local acompanhando o protesto.

“Sempre acontece isso aqui. Meu irmão nunca tocou numa arma. Estava com a namorada e amigos quando recebeu um tiro nas costas, próximo de casa”, denunciou Marcelo Santana, 26, irmão de Alisson. Uma vizinha da família de Alisson que não quis se identificar relatou que domingo passado (17), os mesmos policiais fizeram uma abordagem truculenta com seu filho, de 23 anos, e, segundo ela, levaram o celular do rapaz. “Eles deram socos e pontapés, depois mandaram meu filho entrar na rua e andar sem olhar para trás”, denunciou. O CORREIO procurou o comandante da 19ª CIPM, major Leão, mas não conseguiu contato.

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Grupo fez protesto contra a morte do adolescente na manhã de hoje
(Foto: Luciano Júnior)

De acordo com a diarista Luzinete de Jesus Santana, 45, o filho tinha ido para uma festa privada e chegou em casa por volta das 21h30. Depois de comer, ele resolveu ir ver a namorada e alguns amigos perto de sua casa. “Ele disse que ia aqui na frente. Disse para ele não ir, parecia que estava sentindo”, lembrou a mãe.

“Vou enterrar meu filho por conta de uma ação da polícia que vitima apenas inocentes”, reclamou Luzinete. O sepultamento está marcado para às 15h30 de hoje, no Cemitério de Paripe. Ainda de acordo com Luzinete, Alisson estudava no 8º ano noturno no Colégio Estadual Almirante Barroso.

A Secretaria da Educação do Estado (SEC) enviou nota de pesar, confirmando que o adolescente era estudante da unidade e lamentado a morte do estudante. Segundo a SEC, a unidade escolar funcionou nesta segunda-feira (25), mas registrou baixa frequência.

Morte
O local onde Alisson foi morto, a Travessa Princesa Isabel, fica a cerca de 20 metros de um largo onde acontecia uma festa ‘Paredão’, mas segundo a família, ele não foi até a festa. Eles denunciam que a equipe da PM que promoveu a ação subiu por uma escada e deu de frente com Alisson e os amigos. Os policiais teriam iniciado os disparos e todos saíram correndo.

Comunidade se reuniu no bairro na manhã de hoje
(Foto: Luciano Júnior)

Allisson foi atingido nas costas e chegou a ser socorrido por seu irmão, mas morreu antes de chegar ao Hospital do Subúrbio. Ninguém mais foi atingido. “Alguns vizinhos e até um dos policiais tentou socorrer, mas a subtenente não permitiu que os colegas levassem ele para um hospital. Ela disse: ‘deixa aí pra morrer'”, denunciou um amigo do garoto.

Inicialmente a Central de Polícia informou que o crime aconteceu por volta das 23h, na Rua 14 de Dezembro. Em nota, a Polícia Militar informou que os policiais militares da unidade não foram solicitados para atender a ocorrência. Ainda de acordo com a PM, uma viatura esteve depois no local e foi informada que o adolescente havia sido atingido e socorrido por moradores.

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