5 motivos pelos quais a influência de Lauryn Hill na música é inegável

Em 25 de agosto de 1998, pouco mais de 17 anos atrás, Hill lançou The Miseducation of Lauryn Hill. Foi seu primeiro e último álbum de estúdio, concebido em meio a dificuldades pessoais. Ela queria fazer “música sincera”, diz Chris Nickson em sua biografia da artista – e foi isso o que ela fez.

por Taryn Finley, do Brasil Post 

“[Queria] escrever canções que mexessem comigo, que tivessem a integridade do reggae, a força do hip-hop e a instrumentação do soul clássico”, disse ela à revista Roling Stone em 1999. “[Eu e meu engenheiro trabalhamos num] som cru. Gosto que as pessoas consigam ouvir a voz arranhando. Não quero que tirem [essa característica].”

Hill fez uma pausa na carreira depois de gravar o disco ao vivo “MTV Unplugged 2.0”, em 2001, e voltou ao mundo da música nos últimos anos. A ex-integrantes dos Fugees não anunciou planos para um disco novo, mas vem se apresentando com mais frequência. Ela gravou músicas novas, como “Neurotic Society” e “Black Rage”.

Ainda assim, nada do que ela fez teve o mesmo impacto sobre o hip-hop e o R&B como seu álbum solo de estreia. Veja como The Miseducation of Lauryn Hill redefiniu a música.

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1. Ela derrubou barreiras para artistas negras.
Miseducation derrubou barreiras. Apesar de não ter sido a primeira a brincar com os dois gêneros, as canções de Hill ecoaram com as massas por causa do casamento entre hip-hop e R&B. O disco vendeu mais de 420 000 cópias na primeira semana, ultrapassando o recorde de Madonna, e desde então já vendeu mais de 17 milhões de unidades no mundo inteiro. “O que Lauryn está fazendo é abrir as portas para artistas mulheres que não são materialistas nem estão mostrando os peitos”, disse RZA, do Wu-Tang Clan, à MTV, em 1998. “Ela representa uma beleza e uma pureza que são mais reais. Ela faz música que as pessoas entendem, e é por isso que tem tanto sucesso.”

2. “Miseducation” foi o primeiro disco de hip-hop a vencer o Grammy de Álbum do Ano.
Hill não abriu as portas da indústria da música só para as mulheres, mas também para todo o gênero do hip-hop. Em 1999, ela foi indicada para 10 Grammys e ganhou 5 deles, na época um recorde para uma mulher. Suas cinco estatuetas criaram uma audiência mais ampla para o hip-hop e ajudaram o gênero a conquistar o mainstream.

3. O disco foi um ato de feminismo sutil e sincero.
Pouca gente sabe que Hill estava grávida quando criou sua obra-prima. A MC e compositora rejeitou a ideia de que é necessário escolher entre família ou carreira. A quarta faixa, “To Zion”, era uma homenagem a seu filho, que estava em sua barriga na época da concepção do álbum. “‘Olhe para sua carreira’,/ disseram eles/ ‘Lauryn, baby, use a cabeça’/ Mas decidi usar meu coração”, canta Hill, fazendo referência àqueles que sugeriram que ela abortasse para não comprometer sua carreira.

4. Ela foi uma das pioneiras das letras conscientes no hip-hop.
Hill estava “desperta” antes de Talib Kwele, Kanye West e Kendrick Lamar despontarem no cenário. Ela colocou testemunhos pessoais em suas letras. Hill ajudou a abrir uma avenida para o diálogo de consciência social na música, falando de objetividade sexual em “Doo Wop (That Thing)” e de relacionamentos fracassados em “Ex-Factor” e outros tópicos considerados tabu na época.

Em 1999, ela previu que a indústria da música estava prestes a mudar, mesmo que não soubesse da sua importância para muitos dos artistas de hoje. “Acho que agora estão mais à vontade para brincar com os parâmetros, escrever de forma intensa”, disse ela à Rolling Stone.

5. As músicas dela transcendem o hip-hop e o R&B.
O soul e a verdade de Miseducation derrubaram barreiras na indústria musical, especialmente para artistas negros. Este ano, o disco foi incluído na coleção da Biblioteca do Congresso. D’Angelo afirmou que “igrejas estavam substituindo Deus nas letras [de ‘Nothing Even Matters’] . É significativo quando fazem uma versão gospel de uma música secular.”

The Miseducation of Lauryn Hill é pura genialidade musical e influenciou artistas como Adele, Beyonce, Talib Kwele, Kanye West, Nas, Jon Legend (que se lançou tocando piano em “Everything is Everything”) e muitos outros. Legend disse à Rolling Stone: “Ela foi melhor que qualquer um. As pessoas ainda tentam capturar aquele instante.”

Ninguém sabe se o mundo vai ver outro álbum de estúdio de Hill, mas o impacto do seu disco de estreia é inegável.

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