Escola LGBT brasileira oferece cursos para valorizar diversidade

Fundador da primeira escola LGBT do Brasil, localizada em Campinas (SP), o jornalista Deco Ribeiro não concorda com a criação de instituições de ensino voltadas exclusivamente para atender travestis e transexuais, como é o caso de um colégio de ensino médio criado este ano na Argentina. “Isso acaba excluindo essas pessoas da sociedade, já que ficam restritas a um grupo, um local”, afirma ao destacar que o trabalho desenvolvido há 3 anos no interior de São Paulo tem como objetivo valorizar a diversidade sexual por meio de cursos técnicos com enfoque na cultura.

Por: ANGELA CHAGAS

“No começo, muita gente questionou o nosso trabalho, achando que a escola LGBT também era voltada apenas para os gays. Mas nós acreditamos que isolar essa população não é o caminho”, diz ele. A instituição criada em Campinas tem foco na população LGBT, mas Ribeiro garante que é aberta a todos. “Temos alunos heterossexuais, que gostam muito de estar aqui. O mais positivo desse trabalho é que as pessoas tomam contato com esse universo, fazem amigos e isso evita o preconceito, que nada mais é do que a falta de conhecimento”. Já no caso da Argentina, a escola popular Mocha Celis oferece o ensino médio para travestis e transexuais que, segundo os fundadores da instituição, acabam desistindo de estudar porque não são aceitos nas escolas tradicionais.

A instituição brasileira surgiu a partir de um convênio entre a ONG E-Jovem, o governo do Estado de São Paulo e o Ministério da Cultura, que financia o projeto. Oferecendo cursos técnicos gratuitos e com duração de até três anos, a grade curricular conta com oficinas que se dividem em três áreas: expressão artística (dança, música e performance Drag Queen), expressão cênica (Web TV, teatro e cinema) e expressão gráfica (fanzine, revista e livro). Ao longo dos três anos de funcionamento, mais de 200 pessoas participaram dos cursos.

O fundador da instituição conta que a ideia inicial era oferecer para a juventude LGBT um espaço para que pudessem se expressar. “Um espaço de diversidade, de inclusão, que eles não encontram na escola tradicional”, afirma. Para a surpresa do fundador, o interesse foi tão grande que hoje a escola tornou-se aberta para toda a população da região interessada na diversidade cultural. “Todos passaram a se sentir seguros aqui, confiantes em expressar seu talento, sua criatividade”.

Para Ribeiro, a iniciativa estimula que os jovens LGBT percam o medo de assumir sua identidade. “Aqui dentro, o jovem percebe que não é o único, que existem outras pessoas que já passaram e superaram os mesmos preconceitos. Essa troca de experiências, de conhecimentos, faz com que voltem para a escola, para o trabalho, mais seguros e confiantes”, afirma. A instituição ainda faz questão de divulgar todo o trabalho desenvolvido nos cursos, com espetáculos de dança, teatro, vídeos, revistas e livros. “Levar esse trabalho para a população de São Paulo é mais uma forma de incluir a população LGBT na sociedade”, completa Ribeiro.

 

 

Fonte: Terra

+ sobre o tema

Direitos das mulheres retrocedem em todo o mundo, inclusive no Brasil, diz relatório

Os direitos das mulheres registram um retrocesso em todo...

Major da PM pula muro e mata mulher a tiros em escola municipal em Castelo Branco

Ironicamente, um crime violento aconteceu na manhã desta sexta-feira...

“Leite e Ferro”, primeiro longa de Cláudia Priscila, estreia em 25 de novembro

"Leite e Ferro", primeiro longa de Cláudia Priscila, estreia...

Justiça manda indenizar mulher em R$ 150 mil por ‘pílula de farinha’

A 10ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de...

para lembrar

Festival em BH substitui MC Biel por Karol Conka

Após ser acusado de assediar uma repórter e persistir...

PL que criminaliza homofobia vai ser arquivado no Senado

Por questões regimentais, o projeto de lei que criminaliza...

Jovens de São Gonçalo se mobilizam para manter uma agenda cultural na cidade

Eles fazem e acontecem em prol da cultura em...

Mulher, solteira, lésbica procura… E acha pelo celular

Fazia uma noite de domingo não muito fria em...
spot_imgspot_img

‘A gente pode vencer e acender os olhos de esperança para pessoas negras’, diz primeira quilombola promotora de Justiça do Brasil

"A gente pode vencer, a gente pode conseguir. É movimentar toda a estrutura da sociedade, acender os olhos de esperança, principalmente para nós, pessoas...

Ana Maria Gonçalves anuncia novos livros 18 anos após lançar ‘Um Defeito de Cor’

Dois novos livros de Ana Maria Gonçalves devem chegar ao público até o fim de 2024. As novas produções literárias tratam da temática racial...

Mulheres recebem 19,4% a menos que os homens, diz relatório do MTE

Dados do 1º Relatório Nacional de Transparência Salarial e de Critérios Remuneratórios mostram que as trabalhadoras mulheres ganham 19,4% a menos que os trabalhadores homens no...
-+=