A ausência de jornalistas negras nas coberturas internacionais

Enviado por / FontePor Antonia Quintão *

Artigo produzido por Redação de Geledés

A ausência de jornalistas negras e negros nas coberturas dos noticiários internacionais, demonstra os limites do compromisso com a diversidade e a existência de uma representatividade seletiva, que garante a permanência do discurso geopolítico sob o controle de uma elite que ao longo da história monopoliza a retórica internacional.

Existem iniciativas importantes, que merecem ser mencionadas, como coletivos de jornalistas negros, observatórios de mídia e cursos voltados para a formação crítica na cobertura internacional. No entanto, ainda é necessário aprofundar o engajamento e o compromisso para promover a transformação necessária.

Quando se trata de mediar um diálogo no âmbito internacional, entrevistar chefes de Estado, comentar os impactos de guerras e tratados diplomáticos, ou mesmo nos noticiários que abordam geopolítica, economia global, conflitos armados, cúpulas multilaterais, não observamos a presença de profissionais negras, nem mesmo como exceção. 

A falta de pluralidade de vozes em coberturas internacionais significa também uma perda de ponto de vista, de repertório cultural, de sensibilidade histórica. Em um mundo cada vez mais marcado por deslocamentos forçados, xenofobia e racismo, a ausência desses olhares e dessas vozes representa um desrespeitoso apagamento sistemático de experiências, memórias e saberes que precisam estar presentes nos grandes debates globais. 

Há cinco anos, recebi para uma visita a Dra. Amy Niang, professora visitante no curso de Relações Internacionais da Universidade de São Paulo e docente na University of the Witwatersrand em Johannesburg, África do Sul. Fortalecer o intercâmbio entre os países do sul global é cada vez mais urgente e necessário. Primeiramente para fortalecer os laços de solidariedade e cooperação, mas também para a valorização dos saberes produzidos fora do atual eixo hegemônico, para a descolonização do conhecimento, promoção de redes de pesquisa, desenvolvimento de projetos, que tenham impacto regional e para a busca de soluções sustentáveis e inovadoras para os problemas comuns. 

o Livro “The Postcolonial African State in Transition: Stateness and Modes of Sovereignty” de Amy Niang

Antonia Quintão – Presidenta de Geledés – Instituto da Mulher Negra*

+ sobre o tema

Luiz Eduardo Soares radiografa o Brasil distópico em novo livro

Em seu novo livro Escolha sua distopia – ou...

Agosto Dourado: ‘a amamentação é uma responsabilidade compartilhada’

Apesar da recomendação de aleitamento materno exclusivo até os...

Geledés passa a integrar o Comitê Interministerial sobre Mudança do Clima (CIM)

A partir deste 1º de agosto, Geledés – Instituto...

O “Brasil que Cuida” e as iniciativas de Geledés

No dia 24 de julho, o governo federal deu...

para lembrar

Luiz Eduardo Soares radiografa o Brasil distópico em novo livro

Em seu novo livro Escolha sua distopia – ou...

Agosto Dourado: ‘a amamentação é uma responsabilidade compartilhada’

Apesar da recomendação de aleitamento materno exclusivo até os...

Geledés passa a integrar o Comitê Interministerial sobre Mudança do Clima (CIM)

A partir deste 1º de agosto, Geledés – Instituto...

O “Brasil que Cuida” e as iniciativas de Geledés

No dia 24 de julho, o governo federal deu...

Luiz Eduardo Soares radiografa o Brasil distópico em novo livro

Em seu novo livro Escolha sua distopia – ou pense pelo avesso, o antropólogo e sociólogo Luiz Eduardo Soares não escreve apenas sobre futuros...

Agosto Dourado: ‘a amamentação é uma responsabilidade compartilhada’

Apesar da recomendação de aleitamento materno exclusivo até os seis meses do bebê, as mães, principalmente as negras, enfrentam várias barreiras para realizar esse...

Geledés passa a integrar o Comitê Interministerial sobre Mudança do Clima (CIM)

A partir deste 1º de agosto, Geledés – Instituto da Mulher Negra passou a integrar oficialmente o Subcomitê-Executivo do Comitê Interministerial sobre Mudança do...