A força da literatura africana

No comando do Seminário A Literatura Africana de Expressão Portuguesa, o professor da Universidade Federal de Minas Gerais, Eduardo Assis Duarte, teve como convidados a escritora moçambicana, Paulina Chiziane, e o jovem escritor angolano, Ondjaki.

Na abertura do evento, Eduardo Assis declarou ser impossível generalizar a literatura do continente africano, jogá-la em uma vala comum, pois existem pelo menos cinco vertentes literárias na África: a produzida em Angola, a moçambicana, a cabo-verdiana, a de São Tomé e da Guiné Bissau.

Com voz suave, Paulina Chiziane afirmou, poeticamente, que antes da presença dos colonizadores o lugar das mulheres, em Moçambique, era ao lado da fogueira contando histórias. Mais tarde, com a chegada dos portugueses, a mulher silenciou e a arte e a literatura foram parar nas mãos dos homens.

Em 1990, Paulina publicou o livro A balada do amor ao vento, sendo a primeira mulher a publicar um romance, em Moçambique. É que, segundo ela, após a independência do país, em 1975, as mulheres voltaram a ocupar seu lugar no mundo das letras, no universo da narrativa. “Infelizmente nossa escrita ainda não é suficiente para provocar a reflexão na população, mas, aos poucos, vamos retomando o debate sobre a reconstrução do país”, enfatizou.

Ondjaki nasceu em Luanda, em 1977. Passou a ser conhecido no Brasil quando, em 2006, a Editora Agir, lançou no mercado o livro Bom dia camaradas, que fala da Angola pós-independência. Grande poeta e escritor, ele também atua na área de cinema e vídeo.

Ao se apresentar para a plateia, Ondjaki aproveitou para corrigir um detalhe que considerava importante: defendeu que o evento deveria ser designado de ” Seminário de Literatura Africana de Língua Portuguesa, pois somos um país de língua portuguesa, mas de expressão angolana”, frisou. Ele afirmou que a literatura faz a intermediação entre os países, mas todos carregam as suas características, a sua identidade.

O Seminário foi realizado na manhã de 17 de abril (terça-feira), às 10h, no Auditório Nelson Rodrigues, no Pavilhão da Bienal.

 

 

Fonte:  Casa da Cultura UNB

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