Africanos consideram a raça como factor irrelevante na escolha do novo Papa

Com dois potenciais candidatos ao posto máximo da Igreja Católica os africanos fazem a prova da modéstia até ao dia da escolha

Entre os cardeais que deverão substituir o Papa Bento XVI estão dois proeminentes africanos, ambos originários da África Ocidental e são considerados de candidatos de peso.

África é uma das regiões do mundo onde o catolicismo está em progressão, e muitas pessoas pensam ser altura para um não-europeu e possivelmente um negro assumir as rédeas da Igreja Católica.

Para muitos católicos africanos a origem do Papa ou seja a sua raça é menos importante, e o que importa é somente a sua convicção em dirigir a Igreja.

Mesmo em 2005 quando o Papa Bento XVI foi eleito, o Cardeal Francis Arinze da Nigéria já era visto como um possível sucessor de João Paulo II. Arinze tem actualmente 80 anos e é ainda considerado como um candidato consistente, assim como o seu colega o Cardeal Peter Kodwo Appiah Turkson de 64 anos do Gana.

As últimas projecções do Vaticano mostram que entre 2009 e 2010 na maior dos continentes o número de crentes católicos no mundo caiu, a excepção de África e do Sudeste da Ásia. O número de seminários também baixou na Europa e Américas, mas aumentou na Ásia e na África.

A resignação do Papa Bento XVI levantou com isso uma nova questão se era tempo para um Papa não-europeu, particularmente um negro africano, depois de séculos de Papados Europeus e maioritariamente de origem italiana. Mas os católicos no Senegal e Gana vêem a questão da raça como irrelevante.

Gabriel Charles Palmer-Buckle é arcebispo de Acra na capital do Gana.

“Para nós na Igreja Católica isto não tem importância e não deveria ter. O mundo católico quer dizer que todas as culturas, todas as raças, todos os povos estão unidos num só corpo, portanto isto não deve ser importante se a pessoa é negra, branca ou amarela.”

O Cardeal Théodore Adrien Sarr, arcebispo de Dakar, vai estar entre os cardinais que deverão eleger o novo Papa. Falando aos jornalistas na Segunda-feira, ele disse que não é a origem étnica do Sumo pontífice que conta, mas sim a sua força e convicção em liderar a Igreja.

O Cardeal Adrien Sarr acrescentou no entanto ter dúvidas de que chegou o momento para um Papa africano.

“Há muito tempo que vem analisando esta questão no meu íntimo. Estaria a Igreja Católica preparada para um líder africano? Estará o mundo pronto para um Papa negro? Tenho as minhas dúvidas.”

O Cardeal Théodore Adrien Sarr acrescentou que o mais importante é saber se o novo Papa será capaz de ajudar a todos a aumentar a fé e se será forte para reforçar a comunidade católica.

Na segunda assembleia extraordinária dos Bispos em África em 2009, o Papa Bento XVI falou acerca do papel da igreja numa altura que o continente enfrenta o fundamentalismo religioso, a pobreza, injustiça e guerra. Bento XVI disse ainda que uma parte da acção da igreja é apelar para a reconciliação de diferentes etnias, línguas e grupos religiosos.

O Papa Bento XVI abandona o cargo no dia 28 de Fevereiro. Os Cardeais vindos de todas as regiões do mundo deverão reunir-se no dia seguinte para dar início ao processo eleição do novo Papa.

 

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Fonte: Voz da América

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