Há um buraco negro entre a vida e a morte

Autor(a): Arnaldo Xavier e Nilza Iraci da Silva
Editora: Geledés – Centro de Documentação e Memória Institucional
Data: 2025

Esta é a segunda edição de uma das experiências da Geledés -Instituto da Mulher Negra que trata do tema do meio ambiente para a ECO92, realizada no Brasil em 1992. E faz parte do esforço do Centro de Documentação e Memória Institucional, criado para o resgate da memória dos fazeres políticos, culturais e sociais da população negra, especialmente das mulheres negras.

Após três décadas de sua primeira publicação, “Há um Buraco Negro entre a Vida e a Morte” retorna como testemunho e farol. Arnaldo Xavier e Nilza Iraci registraram e formularam, neste ensaio pioneiro, uma visão que o país levou anos para reconhecer — e que ainda encontra resistência: não há justiça ambiental sem justiça racial, nem futuro possível enquanto parte
do nosso povo segue sistematicamente violada em seus direitos e em sua humanidade, no campo, na cidade e na floresta. Escrito às vésperas da Rio 92, o livro nasceu de uma urgência: romper o silêncio sobre o genocídio da população negra, disputar o imaginário público e denunciar um modelo de desenvolvimento que devasta a natureza e a vida com a mesma violência.

Nesta segunda edição, também reafirmamos um princípio que a história insiste em comprovar: é falsa a narrativa de que o movimento negro não esteve envolvido com a pauta ambiental. Ao contrário, essa leitura segunda edição — 2025 distorcida apaga trajetórias fundamentais, especialmente de mulheres negras, que há décadas denunciam a crise climática, formulam alternativas e defendem o direito coletivo à terra, ao território e à vida. Hoje, às portas da COP30 no Brasil, suas páginas reaparecem como aviso e legado: o que foi denunciado em 1992 permanece como tarefa aberta em 2025.

Ao recolocar esta obra em circulação, honramos a memória e as formulações políticas de quem veio antes, assim como a luta de quem segue construindo caminhos no presente. Celebramos a coragem intelectual de seus autores e autoras e reafirmamos nosso compromisso com a vida, com as agendas de gênero, a dignidade, o combate ao racismo ambiental e a luta antirracista. Que esta nova edição reencontre as gerações que marcham, sonham e resistem — e siga iluminando caminhos para que a liberdade, a justiça e o direito a existir estejam vivos para todas,
todos e todes.

Geledés - Instituto da Mulher Negra
Centro de Documentação e Memória Institucional

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