Cientistas negros recebem menos bolsas de investigação médica nos EUA

Os cientistas negros ficam atrás dos brancos nas bolsas de investigação que recebem do Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos. Uma desvantagem de dez pontos percentuais que não pode ser explicada nem pela educação, nem pela experiência, mostra um estudo publicado nesta quinta-feira na revista Science.

Num editorial que acompanha o artigo, Francis Collins, o director do instituto norte-americano que gasta anualmente perto de 21 mil milhões de euros nestas bolsas, diz que esta situação é “inaceitável”.

O estudo, que foi pedido pelo instituto e levado a cabo por uma equipa do Instituto de Política e de Investigação Social da Universidade do Kansas, olhou para as candidaturas feitas por 40.069 investigadores doutorados únicos entre 2000 e 2006. Por cada 100 candidaturas enviadas por brancos 30 eram financiadas, enquanto por negros, só 20 recebiam um sim.

Todas as candidaturas passam por um processo de avaliação dividido em duas partes, a primeira avalia quais candidaturas que podem ser financiadas. A segunda avaliação faz a escolha final tendo em conta o financiamento e as prioridades.

Os candidatos podem revelar as origens e o género nas candidaturas, mas esta informação não é vista pelo painel de avaliadores. Ainda assim, os autores do estudo defendem que a informação bibliográfica pode dar pistas para as origens de cada cientista.

Uma das explicações para estes resultados é que os candidatos negros não têm as mesmas vantagens cumulativas do que os brancos, quer a nível da educação, quer a nível de orientação, o que faz com que as candidaturas sejam menos competitivas. Outro dado a ter em atenção é que é muito menos provável que um cientista negro volte a submeter uma candidatura do que um branco. Mas a avaliação feita pelo Instituto Nacional de Saúde também pode estar enviesada, principalmente durante a primeira fase de avaliações.

O instituto planeia atacar o problema, uma das formas é reunir um painel independente que avalie as mesmas candidaturas sem ter acesso à bibliografia dos candidatos. “Isto não vai ser um daqueles relatórios que vão ser olhados e postos de lado”, prometeu Francis Collins.

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Fonte: Público

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