Doping e as muitas faces da injustiça

por: José Cruz –

O caso Daiane dos Santos sugere novas reflexões, não sobre o uso da droga, que a própria atleta admitiu, mas sobre como o assunto é conduzido pelas autoridades do esporte.

 

Qual o motivo de uma atleta fora de competição e sem inscrição em evento próximo ser testada?

 

E, se Daiane informou o uso do tal diurético (furosemida) na ocasião da coleta de material, não escondeu o fato, como é comum ocorrer com atleta flagrado no antidoping. Logo, ela tinha consciência de que usava a droga de forma legal.

 

Segundo Daiane, em nota oficial do Clube Pinheiros, a Confederação Brasileira de Ginástica foi informada sobre o tratamento. Sabia que era um período que a ginasta reservou para se cuidar, livre, pois, para ser medicada. Ou atleta não pode passar por situações como esta?

 

Recordo o caso de Jade Barbosa, que fez rifas para pagar uma cirurgia no pulso, referindo-se à falta de apoio da CBG. Em um ano, a mesma confederação envolveu-se em dois episódios muito graves. Um, omitindo apoio, revelado pela própria Jade; outro, de não comunicar à Federação Internacional de Ginástica que um destaque nacional estava em tratamento de saúde, fora de competições, pois.

 

Será que apenas o atleta é o “irrresponsável”?

 

Será que os atletas precisam confiar, sempre, nas suas instituições, como se fossem isentas de falhas ou omissões?

 

Ou confiar no destino do material que é colhido de seus corpos, que passa a ser manipulado por várias pessoas com a ausência dos interessados? Quem garante seriedade neste processo?

 

Faço essas colocações não em forma de defesa, mas para reflexões.

 

E sugiro a leitura de um excelente livro:

“Doping e as muitas faces da injustiça”, lançado este ano pelo médico gaúcho Sabino Vieira Loguercio, com prefácio de Juca Kfouri.

Com autoridade e dezenas de exemplos, o autor escreve sobre o “processo inquisitorial iníquo e violento do sistema de controle vigente”.

E, lembrando exemplos ainda muito recentes, destroi teses que a imprensa ajudou a consagrar como “fato consumado” sobre o doping. As teses de Sabino Loguércio mostram exatamente o contrário.

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