“É preciso que a cultura da periferia contamine a cidade”, diz Juca Ferreira

“É preciso que a cultura da periferia contamine a cidade”, diz Juca Ferreira

Durante a mesa de abertura do evento “A Periferia no Centro”, promovido pela Fórum em São Paulo, o secretário municipal de Cultura afirmou que a cidade passa por uma transformação cultural

Por Marcelo Hailer

Por volta das 10h desta sexta-feira (14), teve início o seminário A Periferia no Centro: Cultura, Narrativas e Disputas, organizado pela revista Fórum, em parceria com o Museu de Arte Moderna (MAM), IG e a Prefeitura de São Paulo.

A mesa de abertura contou com a participação do editor-executivo da Fórum, Renato Rovai, do secretário municipal de Cultura da prefeitura de São Paulo, Juca Ferreira, da coordenadora cultural do MAM, Daina Leyton, e de Cláudio Martins, coordenador da plataforma digital do IG.

A representante do MAM, Daina Leyton, explicou que o museu está comprometido com as medidas de acessibilidade e de interlocução com grupos culturais do centro e da periferia, para ajudar na construção de uma sociedade “cada vez mais plural”. Ela afirmou, também, que o trabalho não consiste apenas em aumentar o número de visitantes, mas, principalmente, fazer com que as pessoas se sintam apossadas do espaço proporcionado pelo MAM. “Buscamos um espaço sem barreiras, nem físicas nem econômicas”, disse Leyton.

A coordenadora também comentou sobre a experiência do museu com os jovens que realizam os ‘rolezinhos’ no parque Ibirapuera. “Nós temos aqui um ‘rolezão’, com cerca de 2 mil jovens. E notamos que havia uma disputa ali, então criamos um diálogo com esses jovens, criamos um projeto que visa dialogar a cultura popular e a contemporânea, com o objetivo de democratizar e ocupar o espaço. Um espaço de ‘bem-vindas as diferenças’ e não de intolerância. Isso é muito importante”, finalizou.

O representante do IG, Cláudio Martins, apresentou o projeto IG – Iguais, uma plataforma digital com espaço na página do IG na internet, que busca criar um espaço de visibilidade e voz aos grupos culturais das periferias do Brasil. De acordo com Martins, “mais de 15 grupos já estão participando da plataforma”; entre eles, a comunidade da Mangueira, coletivos do Morro do Alemão e outros. “Nunca na minha vida tive um projeto como esse, que dá voz às comunidades”, comemorou.

O secretário de Cultura da prefeitura de São Paulo, Juca Ferreira, destacou o processo de transformação cultural pelo qual a cidade está passando. “A modernidade sem igualdade não existe. Estamos substituindo o medo pela esperança, pela participação, e São Paulo está muito atrasada em relação ao resto do mundo”, criticou Ferreira.

O secretário também destacou que a “a PM não pode continuar a ser o principal interlocutor da sociedade”. Ele também comentou que é necessário “construir espaços de convivência culturais em trânsito e não apenas na periferia ou no Centro”. “Talvez as periferias sejam os locais mais culturalizados da cidade. Há uma quantidade enorme de saraus, cinema, ativistas culturais, uma quantidade enorme. No entanto, não há reconhecimento e visibilidade. É preciso abrir as portas para essa cultura da periferia para que contamine a cidade”, finalizou Juca Ferreira.

 

Fonte: Revista Fórum

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