Geledés leva voz afrodescendente ao Fórum da Juventude do ECOSOC 

Geledés na ONU, incidencia internacional de Geledés Instituto da Mulher Negra

Ester Sena, representante do instituto, defende na ONU justiça racial, sustentabilidade e participação jovem nos debates sobre o futuro do planeta

Sob a pressão das tensões geopolíticas, da crise ambiental e do avanço das desigualdades sociais, jovens de todo o mundo se reuniram entre os dias 15 e 17 de abril na sede das Nações Unidas, em Nova York, para debater caminhos em prol de um mundo mais justo, verde e sustentável, orientado pela Agenda 2030 e pelos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).

Entre os destaques da participação brasileira esteve Ester Sena, representante de Geledés — Instituto da Mulher Negra. Ester participou do Fórum da Juventude do Conselho Econômico e Social (ECOSOC), espaço que oferece uma plataforma para o diálogo entre jovens, Estados-Membros e organizações da sociedade civil, com o objetivo de expressar demandas e propor ações concretas para o desenvolvimento sustentável.

 “Espaços como este são fundamentais e inestimáveis, pois são concebidos para assegurar que as vozes da juventude sejam ouvidas e respeitadas, especialmente as de jovens afrodescendentes. Temos muito a dizer e a contribuir. Empoderar a juventude é mais do que reconhecer sua importância — é confiar-lhe as ferramentas e o poder de reimaginar espaços que incorporem justiça, dignidade e sustentabilidade para todas as pessoas”, afirmou.

Além de representar Geledés, ela também é Ponto Focal Adjunto do Grupo NNAyJ (Niñas, Niños, Adolescentes y Jóvenes) da América Latina e Caribe que atua em agendas de mudanças climáticas, desenvolvimento sustentável e direitos humanos, por meio do MSCALC (Mecanismo de Participação das Crianças e Jovens da América Latina e Caribe na UNFCCC) e da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL).

Nesta edição, o Fórum da Juventude foi orientado pelo tema de 2025 do ECOSOC e do Fórum Político de Alto Nível (HLPF): “Promovendo soluções sustentáveis, inclusivas e baseadas em ciência e evidências para a Agenda 2030, sem deixar ninguém para trás”. As discussões se centraram especialmente nos ODS que passarão por revisão aprofundada no HLPF de 2025: ODS 3 (Saúde e Bem-Estar), ODS 5 (Igualdade de Gênero), ODS 8 (Trabalho Decente e Crescimento Econômico), ODS 14 (Vida na Água) e ODS 17 (Parcerias para a Implementação dos Objetivos).

Durante o Fórum, Ester foi convidada a participar como palestrante do evento paralelo “Youth-Centered Cities: Designing Sustainable and Healthy Urban Futures”( em tradução livre: “Cidades Centrada na Juventude: Projetando Futuros Urbanos Sustentáveis e Saudáveis”) que discutiu o papel da juventude na construção de cidades mais saudáveis, inclusivas e sustentáveis.

Em sua fala, ela destacou a interseção entre mudanças climáticas e direitos humanos em contextos urbanos, com ênfase nos desafios enfrentados pela juventude afrodescendente. A iniciativa, organizada pelo Consortium for Sustainable Urbanization (CSU), pela SDSN Youth, pelo MGCY e pela YOUNGO, evidenciou a importância de fortalecer a liderança jovem no planejamento urbano, especialmente em temas como saúde pública, equidade social e sustentabilidade ambiental.

O evento reforçou compromissos alinhados a três ODS principais: ODS 11 (Cidades e Comunidades Sustentáveis), ODS 3 (Saúde e Bem-Estar) e ODS 17 (Parcerias para os Objetivos). As organizações envolvidas, como o CSU e a Local Pathways Fellowship (LPF), vêm trabalhando para capacitar jovens como agentes de transformação urbana, diante da necessidade urgente de conter o agravamento das desigualdades, dos problemas de saúde pública e da degradação ambiental. A mensagem central foi clara: construir cidades mais inclusivas, resilientes e preparadas para as próximas gerações passa necessariamente pela liderança ativa e pela voz da juventude.

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