Línguas africanas em debate na Bahía

A cidade brasileira de Salvador, capital do estado da Baía, vai receber de 1 a 3 de Setembro, o Seminário Internacional sobre as Línguas Africanas. 

Angola vai estar presente na reunião, através do historiador Simão Souindoula, Vice-presidente do Comité Cientifico Internacional do Projecto da UNESCO, “A Rota do Escravo” que vai falar sobre o tema de “2010, Ano Internacional da Aproximação das Culturas”.

Uma nota da International Networking Bantulink, dirigida ao Jornal de Angola, dá conta que o encontro é organizado sob coordenação de Yeda Pessoa, veterana linguista africanista de nacionalidade brasileira e vai decorrer na Universidade Nacional do Estado da Baía (UNEB).

Além de especialistas do país hóspede e do historiador Simão Souindoula, o encontro conta com outros investigadores de Angola, do Benim, da Nigéria, dos Estados Unidos de América e da Suécia.

Os peritos do Brasil, do Grupo de Estudos Africanos e Afro-brasileiros para as Línguas e Culturas, são oriundos das universidades do Ceará, Maranhão, Santana e Paraíba.

Cerca de 500 especialistas participam na reunião que vai discutir as novas abordagens da perpetuação das línguas negro-africanas sobre o continente americano e no conjunto insular caribenho. A influência no outro lado do Atlântico de línguas de origem bantu, particularmente o kikongo, kimbundu e umbundu, de Angola, o ronga e macua, de Moçambique, e ainda o mande, ewe-fong e yoruba é outros ponto marcante da agenda.

A influência dos idiomas africanos no português falado e escrito no estado da Baía, que tem a maior população de afro-descendentes no mundo, vai também ser analisada.

A apresentação do documentário “O Terreiro Mokambo”, culto de origem bantu típico dos sincretismos afro-brasileiros e as artuações da cantora Clésia Queiroz e dos conjuntos do samba de roda do Recôncavo Baiano e da Lata de Senhor do Bonfim estão igualmente agendados.
Simão Souindoula aborda, na conferência inaugural, a significação da proclamação, pela UNESCO, do ano em curso como o da “Aproximação das Culturas do Mundo”.

Antigo investigador e actual consultor do Centro Internacional das Civilizações Bantu, Simão Souindoula que também redigiu o capítulo “Línguas e expressões” do compêndio editado a propósito da reunião, realça os processos de influências entre as línguas africanas e os falares ameríndios, caribenhos, romanos, anglo-saxónicos e asiáticos.

De acordo com a nota, a emergência dos chamados “novos idiomas de síntese”, os crioulos, resultados dessa convivência são objecto de análise do historiador angolano que destaca ainda as principais interacções exercidas como a alteração fonética, a mudança semântica e a aproximação analógica.

Para o perito da UNESCO, citado pela nota do International Networking Bantulink, “os processos linguísticos constituem, sem dúvida, para o mundo hoje, uma fonte de inspiração, com vista a cultivar uma sã coabitação antropológica, uma tolerância religiosa positiva e une concorde civilizacional humanizante”.

Fonte: Jornal de Angola

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