Evento vai discutir medidas que contribuam para que o país alcance uma comunicação mais plural e democrática, por meio do fortalecimento das mídias negras
Ministra Luiza Bairros participa de abertura de evento que debate a contribuição da comunicação para um Brasil afirmativo
Com representantes de todo o Brasil, foi aberto na manhã desta quinta-feira, 29, o Seminário ‘Diálogos: Democracia e comunicação sem racismo, por um Brasil afirmativo’, promovido pela Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR). O evento acontece até amanhã, no Centro de Convenções Israel Pinheiro, em Brasília.
O objetivo do encontro é debater o quadro atual da Comunicação Social no Brasil, no que diz respeito à diversidade e ao combate ao racismo e, discutir medidas que contribuam para que o país alcance uma comunicação mais plural e democrática, por meio do fortalecimento das mídias negras.
Participaram da mesa de abertura, a ministra Luiza Bairros, da Igualdade Racial, Valdenice Gomes, representando a Comissão Nacional de Jornalistas pela Igualdade Racial (Conajira) e a Federação Nacional de Jornalistas (Fenaj), Rosane Borges, do Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial e, Hilton Cobra, presidente da Fundação Cultural Palmares.
De acordo com a ministra Luiza Bairros, o evento é um momento importante para se colocar no debate que a comunicação talvez seja, dentre as variáveis que precisam ser trabalhadas no combate ao racismo, a mais difícil de ser acessada. “A comunicação hegemônica tem um peso tão grande nesse momento, que acaba se tornando o setor ou área que teria o papel mais fundamental para poder fazer com que essas mudanças na sociedade pudessem ser vistas, para que a população negra pudesse aparecer como uma marca fundamental das mudanças que o Brasil tem sofrido nos últimos anos”.
Ela lembrou que a Comunicação faz parte das ações do PPA 2012-2015, no programa de Enfrentamento ao Racismo, e disse que na própria SEPPIR a questão só começou a ser trabalhada na atual gestão, na perspectiva da democracia e de como debater e interferir no que é a representação do negro no espaço púbico e seus múltiplos significados.
Quanto às metas colocadas no PPA, a ministra colocou algumas diretrizes de atuação, como o apoio às expressões culturais e artísticas, formulação de campanhas e a discussão da inserção da pessoa negra na publicidade tanto pública quanto privada. Ela falou ainda do desejo de lançar, no âmbito da SEPPIR, uma premiação voltada à mídia negra.
“Quem nos representa, quem define o modo como queremos ser vistos pelo outro, como a nossa história deve ser contada? Tudo está contido no título do seminário e esperamos que a sua realização nos ajude a vislumbrar outras formas de trabalho conjunto para estabelecer. Para que cada um, a partir do lugar que ocupamos, possamos trazer contribuição mais efetiva para superar realidade de invisibilidade da pessoa negra ou a veiculação constante de imagens negativas sobre mulheres e homens negros”, finalizou.
Para Valdice Gomes, a luta para contribuir com o combate ao racismo na mídia é antiga e seus combatentes sempre se ressentiram do apoio do Governo nesse sentido. “Assim, estamos felizes em ver a SEPPIR promover um evento como esse, que vinha sendo colocado como uma demanda em instâncias como as Conferências Nacionais de Igualdade Racial e de Comunicação”, diz.
Ela reforça a importância do papel dos jornalistas e mídias negras no combate ao racismo no país. “A comunicação nasceu com a elite, com o poder econômico, mas sempre houve a resistência do povo negro e lembramos as figuras de José do patrocínio e Abdias Nascimento, nesse papel, além de todos os comunicadores que assumiram essa luta”.
De acordo com Valdice, existem hoje oito Cojiras, no país e ainda esse ano, com o apoio da Seppir, foi realizado o I Conajira – Congresso Nacional de Jornalistas pela Igualdade Racial.
Rosane Borges, do CNPIR, afirmou que comunicação recobre o tecido social e tem o poder de dar não apenas visibilidade, mas de atestar a verdade de um fato. “E o que significa isso para quem trabalha com enfrentamento? Que precisamos entender a lógica desse lugar, que é social, que precisamos desvendar seu código”, afirma.
Hilton Cobra disse que ver o seminário acontecendo é ter a certeza de uma ideia concretizada. “Umas das primeiras coisas discutidas na nossa gestão foi a possibilidade de realizar um encontro de comunicação com a mídia negra”, disse. De acordo com ele, uma de suas batalhas na Fundação Cultural Palmares, é para assegurar a formulação de ações afirmativas. “Assim, quero pensar que mídia negra vai ser contemplada pelas possibilidades econômicas”.
Fonte: Seppir