Morre uma das líderes do movimento Mães de Acari

Marilene de Souza tinha 60 anos e lutava contra um tumor na cabeça

RIO – Marilene Lima de Souza, uma das líderes do grupo Mães de Acari, morreu nesta segunda-feira, vítima de um tumor na cabeça, aos 60 anos. Ela havia sido operada no dia 27 de agosto e vinha se recuperando no Hospital Samoc, em Santa Teresa. Seu corpo será velado na Igreja Batista de Coelho Neto, na Zona Norte, a partir da manhã desta terça-feira.

O grupo Mães de Acari foi formado após uma chacina, ocorrida em 26 de julho de 1990. Na ocasião, 11 jovens, entre eles sete menores, desapareceram de um sítio em Magé, na Baixada Fluminense, após um grupo que se identificou como policiais ter pedido dinheiro. Segundo a única testemunha do caso, Dona Lucinda – já falecida – , os sequestradores levaram todos os jovens do sítio para um local abandonado em uma Kombi. O carro foi encontrado três dias depois, sujo de sangue e queimado. Desde então, as mães das vítimas, a maioria moradora do bairro de Acari, lutam para encontrar os corpos, até hoje não localizados.

Marilene era mãe de Rosana de Souza Santos, desaparecida aos 18 anos. Ela chegou a sofrer ameaças após pedir que a Anistia Internacional pressionasse o Ministério Público a investigar também a morte de Edméa da Silva Euzébio, que era mãe de uma das vítima da chacina e foi assassinada em 1993 na Praça Onze.

Há cinco anos, Marilene falou ao GLOBO sobre a sua vida após o sumiço da filha:

— Dediquei minha vida à busca do corpo da minha filha e hoje não tenho nada, nem emprego nem saúde. Vivo à base de remédios para depressão. Eu luto muito, mas os anos passam e cada dia fica mais difícil saber o que realmente aconteceu com a minha filha. As Mães de Acari não tiveram o direito de enterrar seus filhos. Essa é a maior dor.
O inquérito que investiga a Chacina de Acari prescreveu em 2010. Nenhum corpo foi encontrado.

 

Fonte: O Globo 

-+=
Sair da versão mobile