Mortes violentas crescem no Nordeste

A proporção de mortes violentas no Brasil apresentou uma tendência de queda nas regiões Sul e Sudeste, no entanto, aumentou no Norte e no Nordeste, segundo a pesquisa Estatísticas do Registro Civil de 2009, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira.

Nos últimos 15 anos, a porcentagem desse tipo de óbito em relação ao total geral pulou de 16,57% no Norte e 12,53% no Nordeste, para 17,94% e 15,07% respectivamente. A cada cinco pessoas que morrem por causas violentas no Brasil, quatro são homens e uma é mulher.

O Sudeste também teve um aumento, mas depois apresentou recuo. Em 1994, 15,31% das mortes na região foram violentas. O número chegou a 17,11% em 1999, mas passou a recuar, atingindo 16,63% em 2004 e,  em 2009, 14,26%

Segundo o IBGE, óbitos violentos são homicídios, suicídios e aqueles causados por acidentes de trânsito.

As informações foram prestadas pelos cartórios de Registro Civil, Varas de Família, Foros ou Varas Cíveis e os Tabelionatos de Notas do País.

Segundo os dados, 14,9% das mortes de homens em 2009 tiveram causas violentas, contra 16,2% em 2002. Para as mulheres, o percentual se manteve praticamente estável desde 2002, em cerca de 4%.

A proporção de mortes violentas de homens em relação às mulheres tem seu pico no Estado do Rio de Janeiro, onde 5,5 homens morrem por causas violentas para cada mulher. Em seguida, vêm Alagoas, Bahia e Paraíba (com 5,3) e Pernambuco (com 5,2).

A mortalidade infantil segue a tendência de queda em todo o país. A região com a maior redução é a Norte, de 32,4% em 1999 para 20% em 2004 e 12,4% em 2009; seguida pelo Nordeste (23,3% para 13,1, para 11,4%, respectivamente). No Brasil, o índice caiu de 21,4 em 1999, para 14,8% em 2004, para 12,1% em 2009.

O sub-registro de óbitos diminuiu no país nos últimos dez anos, tendo passado de 17,8%, em 1999, para 9,5%, em 2009. Mesmo nas regiões Norte e Nordeste, que apresentam os níveis mais elevados de mortes não registradas, houve uma melhoria na cobertura na última década. Nessas regiões, em 1999, as taxas eram de 30,7% e 37,7, respectivamente; e no ano passado, haviam caído para 23,8% e 24,9%.

De acordo com o levantamento, a falta de registro de morte é maior entre a população infantil, especialmente até 1 ano de idade. Nesse caso, para o conjunto do país, a subnotificação do óbito chega a 43,0%, sendo os índices mais alarmantes observados também nas regiões Nordeste (68,0%) e Norte (45,2%).

Em Estados como o Maranhão, o Piauí, Alagoas e o Rio Grande do Norte, quase oito em cada dez mortes de crianças até 1 ano de idade deixam de ser notificadas.

De acordo com o gerente da Pesquisa do Registro Civil do IBGE, Adalton Bastos, a existência nessas regiões de cemitérios não oficiais contribuem para essa realidade. Segundo o estudo, no Norte, especificamente, há outro fator agravante, que é a distância entre as comunidades e os cartórios.

– Existem muitos cemitérios clandestinos nas regiões Norte e Nordeste que acabam permitindo que as crianças sejam sepultadas nesses locais, sem que o registro seja feito –, afirmou.

O gerente do IBGE destacou ainda que a baixa subnotificação das mortes infantis também “reflete o grau de desigualdade de acesso a bens e serviços, especialmente os de saúde, assim como as diferenças socioeconômicas regionais existentes no Brasil”.

– A mortalidade infantil nessas regiões é maior do que temos registrado, o que revela que nesses locais ainda são muito ruins os serviços de saúde e de saneamento básico e são as crianças que sofrem mais com isso, porque ainda não têm anticorpos necessários para evitar as doenças decorrentes dessa situação –, acrescentou.

Fonte: Correio do Brasil

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