O machismo me cerca

O machismo me cerca. O machismo está em mim. O machismo já estava antes de mim. Cresci no machismo. Meu pai cresceu no machismo. A luta contra o machismo é um fato.

Por Carlos de Medeiros, para Mamapress

Falar mal do feminismo me desinteressa. Observo o machismo à minha volta. Onde o homem masculino pode avançar o machismo vai e nos reduz, homens, a 3 tipos:

O mimado, o folgado e o violento.

O mimado é o coitadinho. O folgado quer a energia do outro. O violento quer a posse do outro. Mas o tempo me deu uma safanada no rosto e me mostrou ainda o colecionista e o iludido. O colecionista é o que monta sua vida na construção de um currículo interno de troféus.

Troféu é uma parada bem machista. O iludido todos estes são, mas existe um iludido peculiar. A criatura montada a partir da ideologia machista (machismo é uma ideologia). O iludido é aquele que forma uma autoimagem de inatingível, intocável, imperturbável, inchorável.

Então machismo tem a ver com ego; egoísmo.

Grupos de machistas unidos são grupos de iludidos reunidos, grupos de egos reunidos. A relação não é de irmãos. Sinto muito, membros da gangue. Corruptos são essencialmente machistas – mesmo que sejam mulheres.

A questão de estar no grupo vai muito mais pelo benefício pessoal (egóico) que aquele grupo lhe trará do que o benefício do grupo. Os que falharem serão punidos ou sofrerão algum tipo de humilhação pública.

Machismo é um troço sério. Das piadas do Danilo Gentilli, ao topetismo do Trump, passando pela latrina discursiva do Bolsonaro são a mesma matriz com os mesmos resultados.

Querer mais prisão e menos educação libertária é machista. Querer mais produção e menos investimento social é machista.

No corpo do ser humano machista existem dois corpos. Um corpo que quer nascer e adia seu nascer e portanto nunca amadurece e outro corpo que é quase uma incorporação, uma espécie de obsessor. Que ordena aos músculos e nervos como devem agir e contribui para que seu amadurecimento nunca ocorra; contribui ainda para impedir o amadurecimento nos outros corpos à sua volta – qualquer corpo.

Similar ao viciado que quer companhia no vício, o machista quer companhia no machismo e por isso funciona melhor em grupo, digo, em gangue, bando ou quadrilha.

Daí que o machista também é racista, que também é fascista, que também é militarista, que também é belicista, que também é intervencionista que também é fundamentalista, que também é sozinho, mimado, violento, frustrado, colecionista, folgado e… egoísta.

O machista é triste.

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