Ponto de Cultura luta para preservar a arte dos congadeiros

Fonte: New. Divirta-se

 

Sete Lagoas – Em dias de festa, eles se alinham em duas ou três filas indianas. Devidamente fardados, os soldados mantêm viva uma tradição que, aos poucos, vem perdendo espaço nas grandes cidades. Mas ela resiste devido ao amor e à dedicação dos congadeiros.Em Sete Lagoas, o Ponto de Cultura Cecília Preta quer se tornar referência para a cultura afrobrasileira. Com verba de R$ 180 mil, o projeto vai beneficiar comunidades carentes.

O local escolhido não poderia ser melhor: o “quartel general” das guardas de congo, a Associação Regional dos Congadeiros de Sete Lagoas, cidade da Região Central do estado, a 70 quilômetros de Belo Horizonte. Criada há 30 anos, a entidade reúne 22 grupos. Se forem contabilizadas outras manifestações afrodescendentes, como pastorinhas e folias de reis, 50 irmandades atuam por lá.

De acordo com o presidente da associação, capitão-mor Geraldo Simeão Machado, o ponto de cultura poderá beneficiar cerca de 1,2 mil pessoas, ligadas direta ou indiretamente ao congado. “Quando o membro de uma família participa, ele acaba levando todos os parentes”, explica. Cecília Preta terá três núcleos principais.

O primeiro guardará o acervo, com biblioteca, videoteca, sala multimídia e brinquedoteca, que poderão ser usados por toda a comunidade. O segundo núcleo vai capacitar 38 jovens para cursos profissionalizantes em áudio e vídeo. Eles farão o registro das festas promovidas pela associação. A terceira unidade oferecerá aulas de costura e de confecção de instrumentos musicais. Assim poderão ser fabricados tambores, violões e indumentárias. “Antes, a gente precisava pagar por esses serviços. Muitas vezes, as pessoas são carentes e não têm condição financeira”, explica Geraldo Machado.

O capitão reconhece: a luta está só no começo, pois a associação terá de provar que pode se sustentar sozinha. Os recursos obtidos recentemente, provenientes do Ministério da Cultura e da Secretaria de Estado de Cultura, serão suficientes para três anos. “O ponto de cultura é a base de todo o trabalho. Mas vai depender muito dos profissionais que serão formados lá dentro”, pondera.

Natural de Sete Lagoas, Cecília Alves Gomes é referência para o congado na região. Em 1985, Cecília Preta foi coroada rainha conga do estado maior de Minas Gerais, um dos postos mais altos da tradição. Morta em 1999, ela se tornou símbolo da cultura afro-mineira e por isso dá nome ao novo ponto de cultura.

Entre os grupos mais importantes na região estão o Nossa Senhora da Conceição do Paiol, São Cristóvão, Santo Antônio, Nossa Senhora das Graças e Moçambique Nossa Senhora da Conceição. Em média, eles funcionam há 70 anos.

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