Preservação e difusão da memória como instrumento político de reparação histórica, presentes na exposição Memórias do Futuro

FONTEPor Suelen Girotte do Prado
Arte: Mariana Afonso

No último domingo, 27 de agosto, uma roda de conversa sobre a importância da preservação da memória negra encerrou a exposição Memórias do Futuro: Cidadania Negra, Antirracismo e Resistência”¹, no Memorial da Resistência de São Paulo. A exposição que teve sua inauguração em 04 de julho de 2022, reuniu, através de uma narrativa circular, uma documentação cujas temáticas posicionam um percurso da trajetória negra que responde a permanência das lutas por uma democracia real. Através da curadoria do sociólogo e escritor Mário Medeiros, Memórias do Futuro, marcou espacial e historicamente, através da congruência entre a arte, a preservação documental e a pesquisa a difusão e eco de vozes negras de contestação presentes na exposição nas conjunturas do século XIX até a atualidade. 

A mesa de encerramento da temporada da exposição contemplou um diálogo em torno do significado da memória negra, materializada nas múltiplas documentais expostas, assim como disparou reflexões em torno dos impactos e perspectivas para o futuro, como sugerido no próprio título da mostra. Estiveram presentes no debate representantes, negras e negros, das organizações que, de alguma forma contribuíram ou tiveram documentações presentes na exposição, dentre elas Afro Cebrap, Geledés (Centro de Documentação e Memória Institucional), Ilu Obá De Mi, Quilombhoje e Instituto Tebas. 

Ao debaterem sobre memória, democracia, arte, literatura negra e demandas de permanências da resistência negra, o grupo interagiu com o público presente de forma que o diálogo frutífero engendrou reflexões sobre a importância da memória negra como instrumento de reparação histórica, educacional e requisição de direitos. A recuperação e a difusão da memória negra é parte dos potentes instrumentos de luta e autonomia para a sociedade. Neste sentido, posicionou-se também o protagonismo das produções e ações as mulheres negras, que no Brasil, organizadas, foram e são responsáveis por assistir e acompanhar constantemente as ausências, posicionar debates públicos, políticos, transformando os cenários e potencializando a luta.  

Pelo diálogo, perpassaram ainda as temáticas em torno da importância da herança dos fazeres coletivos, tão presentes na narrativa de Memórias do futuro, como mecanismo e lição de resistência para o presente, para o futuro e como formas de combate ao epistemicídio ².


¹  VER: Memórias do Futuro: Cidadania Negra, Antirracismo e Resistência – Memorial da Resistência (memorialdaresistenciasp.org.br)

²  VER: Memórias do Futuro: Cidadania Negra, Antirracismo e Resistência – Memorial da Resistência (memorialdaresistenciasp.org.br)

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