‘Arquivos comunitários e de movimentos sociais’ é o tema da 5ª edição do Seminário Patrimônio Documental em Perspectivas, promovido pela Casa de Oswaldo Cruz. O evento acontece no dia 23 de junho, a partir das 10h, e apresentará diferentes experiências de arquivamento comunitário, tanto no cenário internacional como no nacional.
Realizado pelo Departamento de Arquivo e Documentação e pelo Programa de Pós-Graduação em Preservação e Gestão do Patrimônio Cultural das Ciências e da Saúde da COC, o seminário acontece em formato híbrido, com público presente no Salão de Conferências do Centro de Documentação e História da Saúde (CDHS), em Manguinhos (RJ), e transmissão ao vivo pelo Facebook da Casa. Serão disponibilizadas 20 vagas para o público externo interessado em assistir ao evento presencialmente. Nesse caso, é necessário enviar e-mail para dadcoc@fiocruz.br. As conferências contarão com intérpretes de libras e tradução simultânea do inglês para o português. O evento não emitirá certificado de participação.
“Os arquivos comunitários indicam a preocupação dos próprios grupos com a salvaguarda de suas memórias e são expressão do que avaliam como sendo representativo de suas trajetórias. Estes arquivos podem ser estratégicos para o fortalecimento da identidade do grupo, para seu empoderamento e visibilidade. Nesse sentido, são dispositivos importantes para a construção de uma memória coletiva mais plural e democrática”, destacou Luciana Heymann, coordenadora do mestrado e uma das organizadores do evento.
A conferência de abertura, ‘O impacto de um arquivo comunitário: os Arquivos Judaicos de Ontário’, será ministrada por Wendy Duff, reitora da Faculdade de Informação da Universidade de Toronto. Referência na área dos estudos arquivísticos, a especialista apresentará uma parceria de dois anos de pesquisa com os Arquivos Judaicos de Ontário (AJO), localizados no centro Blankenstein Family Heritage, em Toronto, Ontário, que buscou identificar metodologias que permitissem avaliar os efeitos dos AJO. A conferência será mediada por Aline Lacerda, pesquisadora do DAD.
A programação conta também com uma mesa-redonda com os especialistas Jean Marcel Camoleze, Suelen Girotte do Prado e Maria Thereza Sotomayor, com mediação de Luciana Heymann. Com o tema ‘Arquivos populares e movimentos sociais: um estudo do ciclo documental no Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST)’, Camoleze discutirá o conceito de arquivos populares e a dinâmica da produção documental proveniente das atividades dos movimentos sociais, tomando por base os documentos do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
Em seguida, Suelen Girotte do Prado abordará ‘Geledés e o compromisso com a preservação da memória’, em que apresenta o Centro de Documentação e Memória Institucional de Geledés, inaugurado em 29 de abril de 2022. O Centro reflete o compromisso com a preservação e difusão da memória do protagonismo político de Geledés e dos movimentos negros e de mulheres, bem como com a luta em defesa dos direitos humanos desses grupos, no Brasil e no exterior.
Já Maria Thereza Sotomayor apresentará ‘Movimentos sociais e memória: o desafio de preservar arquivos criados nas mídias sociais’ com o objetivo de discutir os arquivos e seus potenciais usos políticos, tanto de silenciamento quanto de insurgência de pessoas invisibilizadas. Utilizando como corpus da pesquisa as páginas Rio Invisível e SP Invisível, propõe a preservação digital dos registros gerados por esses movimentos sociais do início do século 21.
Confira a programação:
Manhã
10h | Conferência
Wendy Duff (Universidade de Toronto)
O impacto de um arquivo comunitário: os Arquivos Judaicos de Ontário
Mediação: Aline Lopes de Lacerda
Tarde
14h | Mesa redonda
Jean Marcel Camoleze – Arquivos populares e movimentos sociais: um estudo do ciclo documental no Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST)
Suelen Girotte do Prado – Geledés e o compromisso com a preservação da memória
Maria Thereza Sotomayor – Movimentos sociais e memória: o desafio de preservar arquivos criados nas mídias sociais
Mediação: Luciana Heymann
Sobre os palestrantes:
Wendy Duff – Professora e atual reitora da Faculdade de Informação da Universidade de Toronto. Suas pesquisas se concentram nos temas do acesso aos arquivos, arquivos comunitários e relações entre arquivos e justiça social. Tem uma vasta produção de artigos e livros, entre os quais destaca-se o volume que ela coorganizou com David A. Wallace, Renée Saucier e Andrew Flinn, intitulado Archives, Recordkeeping and Social Justice, publicado em 2021 pela Routledge.
Jean Marcel Comoleze – Historiador, mestre e doutor em Ciência da Informação pela UNESP/Marília – SP. Foi diretor do Centro de Memória de Jundiaí. Atualmente é coordenador de acervos da Casa do Povo e colaborador dos arquivos do MST, UNEAFRO, Casa Sueli Carneiro e Instituto Vladimir Herzog.
Suelen Girotte do Prado – Professora, graduada em História e mestre em História Social pela PUC-SP. Coordenadora do Centro de Documentação e Memória Institucional de Geledés. Autora do livro: Caminhos que levam a Geledés: narrativas de autonomia através da organização de mulheres negras em São Paulo (2022).
Maria Thereza Sotomayor – Graduada em Arquivologia, mestre e doutoranda em Memória Social pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO). Suas pesquisas giram em torno das mídias sociais e seu impacto na memória social de grupos marginalizados.