RECIFE: Negro discriminado no mercado

Fonte: Diário de Pernambuco –

A Agência Condepe/Fidem e o Dieese divulgaram, ontem, a Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED) sobre a desigualdade entre negros e não-negros no mercado de trabalho da Região Metropolitana do Recife (RMR), no período entre 2004-2008.

Negras ainda são mais prejudicadas, com taxa de desemprego de 24,7%. Foto: Helder Tavares/DP/D.A Press

O estudo concluiu que raça e gênero ainda fazem diferença quando os assuntos são renda e emprego. A pesquisa percorreu 60 mil domicílios diferentes nos dois anos. Os órgãos de pesquisa lembram que o segmento dos negros consiste em negros e pardos (somam 75% da população), e o de não-negros, em brancos e amarelos.

Nesse tempo, a taxa de desemprego da população negra caiu de 23,9% para 20,9% e a da não-negra de 21,1% para 16,3%. Em 2008, a RMR possuía um total de 335 mil desempregados – 260 mil negros e 75 mil não-negros. As reduções nas taxas de desemprego ocorreram porque aumentou o número de postos de trabalho (128 mil para a população de pele escura e 52 mil para a clara). Mesmo assim, o número de pessoas que ingressaram no mercadode trabalho da região foi inferior (119 mil negros e 38 mil não-negros). As mulheres enfrentam maior dificuldade de inserção na esfera produtiva. As negras ainda são mais prejudicadas, apresentando uma taxa de desemprego de 24,7%, em 2008, enquanto a das não-negras correspondia a 18,4%.

Com relação à taxa de participação das populações estudadas, que expressa a proporção de pessoas com 10 anos ou mais incorporadas ao mercado de trabalho como ocupadas ou desempregadas, ambas ficaram empatadas no ano passado. A pesquisa apontou que a taxa de participação dos negros cresceu 1,7%, passando de 52,2% para 53,1%. E dos não-negros aumentou 3,1%, passando de 51,6% para 53,2%. Isso revela que os negros tendem a entrar mais cedo no mercado e permanecem por mais tempo empregados.

Ao mesmo tempo em que começam a trabalhar mais jovens, os negros ainda têm o rendimento médio real por hora mais baixo. Em 2004, era R$ 3 contra R$ 4,67 dos não-negros. Entre 2004-2008 esta relação agravou-se. A elevação da renda média das pessoas de pele clara ocupadas foi maior. No entanto, o ganho médio dos ocupados de cor escura ficou em R$ 3,44 contra R$ 5,55 dos ativos não-negros.

A pesquisa revelou também um lado favorável. “Cresceu o número de pessoas negras ocupando cargos de destaque em empresas, nos postos de direção, gerência e planejamento”, destacou o coordenador da Pesquisa de Empreso e Desemprego do Dieese. A contratação com carteira de trabalho assinada também aumentou de 62,6%, em 2004, para 66,1%, em 2008. Destaca-se menos contratação desta forma entre os negros (64,7%), e maior entre os não-negros (69,6%). Os de pele escura superam os mais claros quando trabalham sem carteira assinada, são autônomos que trabalhavam para uma empresa ou assalariados subcontratados.

O estudo observou no período que, segundo sexo e raça/cor, o número de negros nos postos de trabalho dos setores da indústria de transformação, construção civil e serviços domésticos aumentou. Porém, houve redução na área comercial, de serviços e em outros setores. Na outra categoria, houve queda no comércio, serviços domésticos e outros setores.

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