Chamada para artigos, lançada pelo Fundo Baobá, tem como foco ações de filantropia pós-pandemia

O Fundo Baobá para Equidade Racial lançou, no início de agosto, uma chamada para artigos inéditos que contribuam para aprimorar a ação de filantropia para equidade racial no Brasil pós-pandemia da Covid-19. A iniciativa integra o projeto “Consolidando Capacidades e Ampliando Fronteiras”, em parceria com a Fundação Ford, e tem como objetivo orientar as doações que serão realizadas pelo Fundo Baobá para fortalecer a atuação de organizações e lideranças negras e, ao mesmo tempo, direcionar a captação de recursos.

As inscrições prosseguem até o dia 12 de outubro, às 23h59, aqui no site. O edital é aberto à comunidade acadêmica. O/a autor/a principal precisa ser especialista, ter título de mestrado ou doutorado com produção acadêmica concernentes às áreas priorizadas pela instituição. Serão selecionados até 20 artigos, que receberão apoio de R$ 2,5 mil cada, e farão parte de uma publicação bilíngue a ser lançada em 2021 – ano em que o Fundo Baobá completa uma década de atuação.

Rebecca Reichmann Tavares, Presidente & CEO da Brazil Foundation e membro do Conselho Deliberativo do Fundo Baobá, explica que iniciativas assim são importantes porque vão ajudar a entender os efeitos da pandemia e, assim, apoiar as comunidades nessa nova fase ou no novo normal, como está sendo designada a fase posterior à emergência sanitária da Covid-19.

Além das mortes, que não foram poucas, a pandemia imprimiu nova ordem econômica e social. “Temos visto famílias  devastadas, sofrendo com a perda de vidas, desemprego e fome”, disse.  “Empresas que suspenderam atividades,  crianças sem oportunidades educacionais, e a exclusão racial e a discriminação agravando os impactos nesses locais.”

Rebecca Reichmann Tavares é presidente & CEO da Brazil Foundation e membro do Conselho Deliberativo do Fundo Baobá (Foto: Fundo Baobá )

Ela explica que, diante desse quadro, quem atua na filantropia deve basear decisões em evidências. “Temos que entender que, além da estratificação socioeconômica, os negros, mesmo em níveis semelhantes de renda e educação com suas contrapartidas de pele mais clara, sofrem os piores efeitos da pandemia. Em parte, é porque cuidam dos outros, usam transporte público e mantêm a cadeia de produção”, afirma.

Como se não bastasse, a população negra, com mais frequência vive em espaços que estão superlotados e sem saneamento básico, o que não apenas fere a dignidade humana, mas prejudica sua segurança física em tempos de pandemia. “As evidências trazidas pelos artigos, as diferentes leituras sobre realidades, necessidades e possíveis soluções, aliadas à escuta ativa que temos realizado junto aos grupos, coletivos e organizações negras que apoiamos, serão cruciais para aprimorar nossa atuação no campo da filantropia por justiça social e também para iluminar o ecossistema filantrópico em geral. Queremos engajar outros atores, trazer mais gente para apoiar com recursos, a causa da equidade racial para a população negra”, explica Fernanda Lopes, diretora de programa do Fundo Baobá para Equidade Racial.

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